WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O júri que condenou à prisão perpétua Danilo Cavalcante, capturado nesta quarta (13) nos Estados Unidos após duas semanas fugindo da polícia, levou apenas 15 minutos para tomar sua decisão.
O brasileiro foi considerado culpado pelo assassinato da ex-namorada Deborah Evangelista Brandão em abril de 2021, quando ela tinha 33 anos, na Pensilvânia. O julgamento aconteceu dois anos depois, em agosto.
Relatos de dois repórteres da imprensa local, que acompanharam o julgamento, mostram como foi o crime.
Segundo a acusação, Cavalcante e Deborah tinham um relacionamento abusivo. Juntos havia dois anos, ele era considerado um namorado ciumento e agressivo, e a brasileira era vítima de violência doméstica.
Em junho de 2020, por exemplo, a polícia foi chamada para o apartamento que o casal dividia em Royersford. No local, Deborah afirmou que Cavalcante a atacou durante uma discussão, mordendo seus lábios até eles sangrarem, e depois a expulsou de casa com os dois filhos.
Um boletim de ocorrência por agressão foi registrado, e Cavalcante, por meio de uma irmã, teria prometido se entregar -o que não aconteceu.
Em dezembro do mesmo ano, depois que ele a perseguiu com uma faca, Deborah conseguiu uma medida protetiva contra o ex-namorado. Os efeitos da ação, no entanto, foram suspensos em março de 2021 porque a brasileira não compareceu a uma audiência sobre o ataque em uma vara da família.
No mês seguinte, Cavalcante deixou um churrasco que acontecia em sua casa, em King of Prussia, carregando uma faca usada para cortar carne, e foi até a casa da ex-namorada em Schuylkill, a cerca de 40 km de distância.
Chegando lá, ele encontrou Deborah em frente à residência na companhia dos dois filhos, um menino de 4 anos e uma menina de 7 anos.
Cavalcante a confrontou, ameaçou matá-la, e então a esfaqueou mais de 30 vezes na frente das crianças. Deborah conseguiu pedir à filha que buscasse a ajuda de uma vizinha, que ligou para a polícia. A brasileira chegou a ser levada para um hospital, onde a morte foi confirmada.
Segundo a promotora do caso, Deb Ryan, na véspera do crime Cavalcante invadiu o perfil da vítima no Instagram para espioná-la. Deborah, então, ameaçou dizer à polícia que ele era acusado de ter cometido um assassinato no Brasil, em 2017.
Sameer Barkawi, defensor público que representou o brasileiro no processo, argumentou que Cavalcante perdeu o controle no calor do momento e que carregava uma faca apenas para pressionar Deborah a ceder as suas demandas.
O defensor disse ainda que o brasileiro teve uma infância pobre, sofreu abusos e se envolveu com criminosos, drogas e álcool.
No julgamento, Cavalcante afirmou que não havia uma motivação para o crime. Na versão, eles brigaram e a situação fugiu de controle. Ele afirmou estar arrependido e escreveu uma carta para os filhos da vítima, pedindo desculpas.
A reportagem tentou entrar em contato com Barkawi por telefone e mensagem, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
Depois de cometer o crime, Cavalcante recebeu a ajuda de dois amigos para se limpar do sangue, trocar de roupas e abastecer o carro -horas depois o criminoso foi preso no estado da Virgínia. Ambos testemunharam contra o brasileiro em troca de não serem processados.
O julgamento aconteceu na corte do condado de Chester, comandado pelo juiz Patrick Carmody, e teve a participação de um tradutor.
O magistrado disse que, se o réu estivesse realmente arrependido, ele teria se declarado culpado, evitando a necessidade de um julgamento no qual a filha de Deborah, então com 9 anos, precisou testemunhar. Em português, Carmody chamou o brasileiro de "homem pequeno".
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