SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Funcionários da USP (Universidade de São Paulo) podem entrar em greve na semana que vem, aderindo à mobilização iniciada por estudantes da instituição. A decisão foi tomada em assembleia de trabalhadores realizada nesta quarta-feira (27) em área livre da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), que está com as aulas suspensas há mais de uma semana.

"A gente está indicando para a categoria a necessidade de fazer essa greve. E temos a perspectiva de construir uma luta unificada com os estudantes em torno das questões centrais, que é a contratação de docentes, mas também contratação de funcionários", afirma Reinaldo Souza, diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), que deve convocar nova assembleia na semana que vem para decidir se a categoria entra em greve.

De acordo com o Sintusp, o número de funcionários efetivos da universidade encolheu 23,5% desde 2014, passando de 17 mil para 13 mil neste ano. "São funcionários de todas as áreas, tanto administrativas quanto operacionais. Desde o trabalhador da manutenção, do restaurante universitário, até o técnico de laboratório especializado", diz Souza, que atua na área financeira da Faculdade de Educação.

O dirigente sindical afirma que o déficit de funcionários afeta diretamente a operação de algumas unidades, citando como exemplo o Hospital Universitário, que perdeu mais de 500 funcionários nos últimos nove anos. "Isso tem impactado o funcionamento do hospital, inclusive com o fechamento de leitos e redução de atendimento."

Eleito no fim de 2021 pela comunidade acadêmica, Carlos Gilberto Carlotti Júnior assumiu a reitoria da USP tendo como principais promessas a retomada das contratações e a recomposição dos salários. Até o fim de 2025, a universidade quer contratar 400 servidores para cargos técnicos e administrativos.

A greve de estudantes, que teve início no último dia 18, já conta com a adesão de várias faculdades e institutos, até mesmo de alunos da Faculdade de Direito e da Escola Politécnica, que não têm tradição de participar de movimentos grevistas.

No centro das reivindicações estão a contratação de mais professores e o fortalecimento da política de permanência estudantil. O movimento também conta com o apoio da Adusp (Associação de Docentes da Universidade de São Paulo), que aprovou paralisação até a próxima segunda-feira (2).

Segundo levantamento feito pela entidade com base nas folhas de pagamento disponíveis no Portal da Transparência, o corpo docente da universidade encolheu 17,56% desde 2014. O número de professores efetivos, ainda de acordo com a entidade, caiu de 5.934 para 4.892 em agosto deste ano.

A falta de docentes já levou algumas faculdades a cancelarem disciplinas obrigatórias, causando até mesmo o atraso de formaturas. Como mostrou a Folha de S.Paulo, a proporção de professor por aluno na USP é a menor em 20 anos. Em 2002, a universidade tinha 0,07 educador para cada matriculado, número que baixou para 0,05 no ano passado.

Segundo a reitoria da universidade, 879 docentes serão contratados, de forma escalonada, até 2025. Dessas, 238 vagas já foram preenchidas. Uma reunião de negociação com os estudantes está marcada para esta quinta-feira (28).


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