SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que vai precisar fazer contas para saber se a tarifa de ônibus em São Paulo continuará em R$ 4,40.

O preço da passagem no transporte coletivo paulistano, incluindo metrô e trens, está congelado desde janeiro de 2020 --o aumento ocorre geralmente no primeiro mês do ano.

"Eu não sei dizer agora se vamos manter [o congelamento]. Que eu gostaria, gostaria, mas vai depender de contas", afirmou Nunes, ao ser questionado se iria conseguir segurar o preço da tarifa em ano eleitoral --ele tentará a reeleição em 2024--, durante evento nesta quinta-feira (28) que autorizou a ampliação das faixas azuis para motos.

A necessidade de negociar com o governo estadual, por causa da integração entre os três modais, foi citada pelo prefeito. O valor da passagem de ônibus, metrô e trem é o mesmo na cidade.

Ao dizer que precisaria fazer contas, Nunes afirmou que o subsídio pago pela prefeitura às empresas de ônibus pode chegar a R$ 5,8 bilhões neste ano para manter o valor da tarifa.

No ano passado, a quantia paga foi de aproximadamente R$ 5,1 bilhões.

De acordo com a SPTrans, que gerencia o transporte urbano municipal, R$ 3,765 bilhões saíram dos cofres públicos nos oito primeiros meses de 2023 para bancar subsídios às concessionárias de transporte coletivo.

A estatal afirma que sem eles, a passagem comum de ônibus seria de R$ 10,45 no município.

"Enquanto a tarifa paga pelo passageiro foi mantida, o custo do sistema aumentou" disse a SPTrans, citando reajustes com mão de obra, manutenção dos coletivos e renovação da frota.

Apesar de o evento ser relacionado a vias para motocicletas, Nunes falou duas vezes sobre o custo do transporte público no evento desta quinta-feira.

O prefeito lembrou que em 2019, antes da pandemia de Covid-19, o sistema de ônibus realizava 9 milhões de embarques ao mês e que atualmente o número caiu para aproximadamente 7 milhões.

Ao citar a redução no número de passageiros, ele elencou mudança de comportamento das pessoas, após a pandemia, e migração para o carro individual, entre outros motivos para menos gente usar os ônibus.

Especistas afirmam que a redução no número de coletivos nas ruas também afugentou passageiros -- a cidade, de acordo com a SPTrans, conta com uma frota operacional de aproximadamente 12 mil ônibus e que em agosto de 2019, eram 13,2 mil veículos.

A estatal, entretanto, disse que a frota de ônibus sempre foi mantida acima da demanda de passageiros transportados, mesmo durante a pandemia.

A queda na qualidade no transporte público é outro motivo que afugentou passageiros, também de acordo com especialistas. Em abril, a Folha de S. Paulo mostrou que 1 a cada 3 reclamações de usuários foram de intervalo excessivo entre uma condução e outra.

A Prefeitura de São Paulo negociou empréstimos de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) junto a BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e Banco Mundial para subsidiar a compra de 2.400 ônibus elétricos até o final do ano que vem.

Segundo Nunes, é provável que a cidade consiga colocar em circulação por volta de 1.400 veículos elétricos nas ruas até o fim do seu mandato, sendo que 600 neste ano -50 deles foram apresentados no último dia 18.

"Vamos correr para conseguir colocar 600 ônibus [elétricos] neste ano", afirmou, no evento desta quinta.

Por lei, a administração da cidade está obrigada a reduzir em 50% a emissão de gás carbônico do transporte coletivo e dos veículos da coleta de lixo, até 2028, e eliminá-la até 2038.

A intenção de chegar a 20% de frota limpa [2.400 ônibus] até o ano que vem está no Programa de Metas de gestão Nunes.


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