SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A falha no sistema elétrico da linha 9-esmeralda de trens, em São Paulo, operada pela ViaMobilidade foi resolvida às 17h22 desta quarta-feira (4), completando mais de 27 horas de paralisação. A circulação dos trens voltou ao normal após ficar operando por via única entre as estações Vila Olímpia e Cidade Universitária.

Desde as primeiras horas desta quarta, as estações da linha 9-esmeralda ficaram lotadas. O tempo de espera chegou a 30 minutos.

A falha elétrica começou por volta das 14h de terça (3) em meio à greve conjunta entre o Metrô, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e Sabesp (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

O trabalho de manutenção, segundo a concessionária, envolveu cinco frentes de trabalho formadas por cerca de 70 colaboradores, que priorizaram a solução do problema para que a linha pudesse operar normalmente o quanto antes.

A circulação de trens acontecia por via única entre as estações Vila Olímpia e Cidade Universitária. Ao todo, 70 ônibus da operação Paese atenderam o trecho entre Vila Olímpia e Pinheiros. O restante da linha seguiu com operação normal.

Um boletim de ocorrência foi registrado nesta terça por funcionários da ViaMobilidade informando que foram encontrados objetos estranhos no trecho onde o problema foi identificado na terça.

Segundo o registro, um trem passou na estação Vila Olímpia, sentido Cidade Jardim, arrancando toda a rede aérea de energia elétrica. A rede chicoteou da Vila Olímpia até a estação USP, danificando toda a rede.

Na estação Pinheiros, a equipe de manutenção, ainda de acordo com o registro policial, encontrou os consoles, que ficam nos postes sustentando os cabos, soltos em todo o trecho entre as estações Vila Olímpia, Cidade Jardim, Hebraica Rebouças, Pinheiros e Cidade Universitária.

No trecho na marginal Pinheiros, segundo os funcionários, foram encontradas pedras grandes próximas aos postes onde o console se soltou. No mesmo trecho, foram encontrados cinco gradis abertos.

Entre a estação Pinheiros e Cidade Jardim, na lateral da via, foi encontrado um objeto composto por um tubo metálico e um cabo de aço que não fazem parte da via área e de nenhuma outra parte do sistema. Os funcionários, disseram, no registro, que algo pode ter sido jogado sobre o trem ou sobre a rede aérea, sendo arrastado pelo trem colapsando o sistema.

Em pouco mais de um ano sob a administração da ViaMobilidade, as linhas 8-diamante e 9-esmeralda acumularam 166 falhas, ou seja, média de uma a cada três dias. As 166 falhas foram contabilizadas no período de 27 de janeiro de 2022, quando a empresa passou a operar os dois ramais, e 31 de janeiro deste ano. São problemas em equipamentos, trens, trilhos, sistema de alimentação elétrica, rede aérea e sinalização.

Em 2019 inteiro, quando os dois ramais ainda eram administrados pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), foram contabilizadas 121 ocorrências. Nos dois anos seguintes, 2020 e 2021, somaram 34, mas com a ressalva de que a pandemia de Covid levou à redução de passageiros no sistema.

No dia 2 setembro, por exemplo, durante o festival The Town, a linha 9 que leva para Interlagos, onde o evento ocorreu, teve problemas, com relato de paradas de 40 minutos, velocidade reduzida e maior tempo de parada nas estações. De acordo com a ViaMobilidade, os atrasos foram causados por uma falha no sistema elétrico na região de Primavera-Interlagos. O problema durou das 10h10 às 17h45.

No dia 10 de agosto, uma falha de sinalização causada por problema no sistema de processamento de dados entre as estações Bruno Covas-Mendes/Vila Natal e Autódromo, fez com que os trens da linha 9-esmeralda circulassem com velocidade reduzida das 4h30 às 9h.

Em outro exemplo, em 30 de junho, uma falha elétrica fechou as estações Bruno Covas, Grajaú, Primavera/Interlagos, Autódromo e Jurubatuba. O problema durou das 6h às 15h.

Em 14 de agosto, foi assinado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre a ViaMobilidade e o Ministério Público de São Paulo em relação à operação das linhas 8-diamante e 9-esmeralda. Com o TAC, a ViaMobilidade se compromete a pagar uma indenização de R$ 150 milhões, sendo R$ 147 milhões para investimentos imediatos não previstos originalmente e R$ 3 milhões que serão depositados no Fundo de Interesses Difusos (FID), que financia projetos para reparação de danos diversos, como ao ambiente e ao consumidor.

POLÍCIA INVESTIGA POSSÍVEL SABOTAGEM E VANDALISMO

A partir do boletim de ocorrência e dos funcionários que foram ouvidos, a Polícia Civil investiga se houve vandalismo ou sabotagem na linha 9.

"A Polícia Civil está tomando todas as providências para apurar o que houve em relação à linha. Ouvimos as pessoas que registraram o boletim a fim de entender qual foi a situação havida no local. Solicitamos perícia tanto para a via quanto para os trens para verificar se realmente houve um ato de sabotagem ou se houve algum outro ato de vandalismo. A Polícia Civil está comprometida e empenhada em esclarecer o mais brevemente possível esses fatos que ocorreram e prejudicaram a população", disse o delegado Pablo Baccin, em entrevista ao Bom dia SP, da TV Globo.

A ViaMobilidade afirmou, via assessoria de imprensa, que não pode afirmar que houve vandalismo ou sabotagem. Só a investigação poderá concluir o que realmente ocorreu.

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