RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O número de homicídios na região da Barra da Tijuca, onde os três médicos foram mortos nesta quinta-feira (5) no Rio de Janeiro, quase triplicou entre janeiro e agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2022.
A Cisp (Circunscrição Integrada de Segurança Pública) 16, que engloba a Barra, Joá e Itanhangá, registrou 22 homicídios neste ano, de acordo com dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), órgão do governo estadual. O mesmo período de 2022 teve oito casos. O número é o maior desde 2018, quando houve 23 assassinatos na região.
O movimento é semelhante ao apresentado em toda a zona oeste, região que vem sofrendo com o conflito entre grupos criminosos rivais. De acordo com a Polícia Civil, os médicos foram mortos porque um deles foi confundido com o integrante de uma milícia de Rio das Pedras.
Na Aisp (Área Integrada de Segurança Pública) 31, que inclui também outros bairros de atuação da milícia, os homicídios subiram de 24 para 60 no mesmo período. É um número de casos recorde desde o início da série histórica do ISP, que começa em 2003.
Após uma sequência de cinco anos de queda nos homicídios, a gestão Cláudio Castro (PL) enfrenta pela primeira vez uma alta neste índice criminal. Os oito primeiros meses do ano apresentam uma alta de 9,7% nos casos de assassinatos -alta em proporção menor do que na zona oeste da capital.
A ordem para matar os médicos no quiosque teria partido de Phillip Motta Pereira, o Lesk, responsável pela narcomilícia da Gardênia Azul, zona oeste da cidade, segundo informações de investigadores. A motivação seria uma vingança pela morte de outro miliciano.
A polícia suspeita de que o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, 33, tenha sido confundido com Taillon de Alcantara Pereira Barbosa, 26, acusado pelo Ministério Público estadual de integrar a milícia de Rio das Pedras.
Também foram assassinados os ortopedistas Marcos de Andrade Corsato, 62, e Diego Ralf de Souza Bomfim, 35. Daniel Sonnewend Proença, 32, está internado no no Hospital Samaritano Barra.
Na madrugada desta sexta (6), quatro corpos de suspeitos de envolvimento no crime foram encontrados na mala de carros abandonados na Gardênia Azul e nas proximidades do centro de convenções Riocentro.
A narcomilícia da Gardênia surgiu após uma disputa interna da milícia na região, em dezembro de 2022. Traficantes do Complexo da Penha, na zona norte, liderados por Edgar Alves de Andrade, o Doca, propuseram aliança a Pereira: em troca de armas e homens para tomarem o local, queriam lucros com as máquinas caça-níqueis e a venda de drogas.
Também ofereciam abrigo em seus territórios, como o Complexo da Penha, uma extensão do Complexo do Alemão, as principais bases do Comando Vermelho no Estado.
Devido a esse apoio, a narcomilícia se expandiu na zona oeste, e houve disputas na região. Nos seis primeiros meses deste ano, pelo menos 50 pessoas morreram na região.
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