RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Dois helicópteros da polícia do Rio de Janeiro foram atingidos por tiros nesta segunda-feira (9), durante operação em comunidades ligadas ao Comando Vermelho. As aeronaves tiveram que pousar, e um policial civil ficou ferido ao ser atingido por estilhaços. Um dos helicópteros voltou a operar após o ataque, segundo o estado.

As aeronaves sobrevoavam a Vila Cruzeiro, na Penha. O helicóptero da PM foi atingido no vidro da frente, já o da Civil, no tanque de combustível. Os dois pousaram em um terreno que pertence à Marinha, na avenida Brasil. De acordo com o governo do estado, os ferimentos do agente não foram graves.

As polícias Civil e Militar realizam ações simultâneas em diferentes comunidades. O objetivo é cumprir mandados de prisão, entre eles, de suspeitos ligados aos assassinatos a tiros de médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste.

De acordo com o governo do estado, mil policiais atuam na Cidade de Deus, na zona oeste, além do complexo da Penha e da Maré, na zona norte. Na Maré, complexo de 16 favelas, a operação ocorre na Nova Holanda, comunidade visitada pelo ministro Flávio Dino, em março, e no Parque União.

O objetivo seria cumprir mais de 100 mandados de prisão, de acordo com o secretário de Polícia Civil, José Renato Torres. "O diferencial dessa operação é o emprego de tecnologia, com seis drones, câmeras de reconhecimento facial e de placas de veículos. Tudo ligado em tempo real ao CICC (Centro Integrado de Comando e Controle", disse. O CICC reúne a cúpula das polícias.

Até o momento, sete suspeitos foram presos e 17 veículos apreendidos. No Parque União, um laboratório de entorpecente e de fabricação de artefatos explosivos foi encontrado.

O secretário da Polícia Civil afirmou ainda que o setor de inteligência constatou que os alvos da ação na Maré tinham fugido para a Vila Cruzeiro e para Cidade de Deus. Por causa disso, expandiram a operação.

"Foi detectado que os chefes dessa comunidade [da Maré], que pertencem à mesma facção, migraram pesadamente para Vila Cruzeiro e para Cidade de Deus. Por acaso reduto dos marginais que saíram para matar os médicos na Barra da Tijuca", afirmou.

O secretário da Polícia Militar, Luiz Henrique Marinho Pires, disse que todos os PMs que atuam na Maré utilizam câmeras corporais.

"Todos os integrantes dessa facção criminosa são alvos da operação. A atividade de inteligência apontou a migração desses chefes para outras comunidades, então decidimos aumentar o escopo de atuação para a Vila Cruzeiro e Cidade de Deus, não só na Penha", afirmou Torres.

Moradores relatam tiros na Penha e na Maré, mas não há relatos de feridos.

A Secretaria Municipal de Educação afirmou que, no Complexo da Maré, 44 escolas foram impactadas, afetando 16.138 alunos. Na Vila Cruzeiro, foram 14 unidades escolares (5.143 alunos). Na Cidade de Deus, as unidades de ensino tiveram o horário de entrada adiado. A pasta afirmou que não fechou as escolas, mas muitos alunos faltaram.

MORTE DE MÉDICOS

O crime aconteceu na madrugada da última quinta-feira, em frente ao Windsor Hotel, área nobre do bairro. Toda a ação durou exatos 27 segundos e foi registrada por câmeras de segurança.

Os ortopedistas Marcos de Andrade Corsato, 62, Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, Perseu Ribeiro Almeida, 33 e Daniel Sonnewend Proença, 32, aparecem sentados em uma mesa do quiosque quando três homens, vestidos com roupas pretas, descem de um carro branco parado do outro lado da via e começam a atirar no grupo. Somente Proença sobreviveu.

Após balearem os quatro ocupantes da mesa, os criminosos voltam correndo para o veículo e vão embora sem roubar nada.

As imagens mostram também que outros clientes do quiosque testemunharam o ataque e saíram correndo para não serem feridos.

Uma testemunha que estava no local e prestou depoimento afirmou que não houve anúncio de assalto antes dos disparos.

A principal linha de investigação é a de que um dos médicos foi confundido com um miliciano rival ao grupo de atiradores.

Com o erro constatado e a repercussão, os traficantes teriam feito um "tribunal do tráfico". O chefe do Comando Vermelho na Penha, Edgar Alves, o Doca ou Urso, teria ordenado a morte de todos e avisado a polícia por intermédio de informantes, de acordo com investigadores.

Os corpos foram encontrados na zona oeste.


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