SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um empresário líbio de 37 anos está há cinco meses sem poder deixar a Turquia, após ser detido e acusado de tráfico internacional de drogas. Duas malas com 37 quilos de cocaína foram enviadas àquele país com etiquetas de bagagem em nome da esposa do empresário. Ele será julgado em 30 de novembro.

A advogada dele afirma que ele foi vítima da mesma quadrilha que trocou as etiquetas das malas das brasileiras Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, que passaram mais de um mês presas na Alemanha, acusadas do mesmo crime.

Ahmed Hasan e a esposa Malak têm tripla nacionalidade. São da Líbia, mas têm nacionalidade brasileira, porque os dois filhos -de 1 e 2 anos- nasceram no Brasil, e ainda são cidadãos turcos por contas das empresas naquele país.

Eles viviam no Brasil, mas decidiram voltar a viver na Líbia, país no norte da África. Em 22 de outubro de 2022, Ahmed e Malak partiram do Brasil em um voo da Turkish Arline, no aeroporto de Guarulhos. Despacharam diversas bagagens. Desceram em Istambul e passaram alguns dias na Turquia, onde Ahmed tem uma empresa, antes de chegarem à Líbia.

O empresário passou seis meses na Líbia sem nenhum problema. Mas, em 19 de maio deste ano, foi à Turquia para tratar de seus negócios. Ao chegar no aeroporto de Istambul ficou um dia detido sem saber o que estava acontecendo.

"No dia seguinte, ele conseguiu contato com uma advogada e soube que estava sendo acusado de tráfico internacional de drogas. Ele entrou em desespero. É um empresário com dezenas de empresas e milhares de funcionários. Tem empresa na Turquia, na Líbia, nos Estados Unidos, na Europa. Ele tem muito dinheiro, jamais se envolveria com uma situação dessas", explica a advogada Luna Provázio, a mesma que defendeu as brasileiras presas na Alemanha em situação semelhante.

Ele acionou a advogada brasileira dizendo acreditar ter sido vítima do mesmo crime que causou a prisão das brasileiras.

As duas malas com a cocaína saíram do Brasil no dia 26 de outubro, ou seja, quatro dias após ambos deixarem o país. As etiquetas das malas estavam em nome da esposa do empresário.

"Eles foram até a entrada do avião levando um carrinho de bebê que desmonta em três. Lá, o carrinho recebeu três etiquetas, uma para cada peça, informando o peso total de 5 kg. Quando pegaram o carrinho na Turquia só tinha uma etiqueta. Algum funcionário que faz parte da quadrilha pegou as outras duas etiquetas para usar depois", afirma Provázio.

"Houve falha de segurança do aeroporto e da companhia aérea Turkish. De acordo com o Código Brasileiro Aeronáutico, uma bagagem não pode viajar sem passageiro. É uma questão se segurança. Pode ter um explosivo, por exemplo", aponta.

As malas com as drogas foram descobertas porque ficaram na esteira do aeroporto de Istambul e ninguém apareceu para retirá-las.

O empresário ficou detido na Turquia por ser considerado cúmplice da esposa.

"Eles não estavam sabendo de nada. A sorte é que ele viajou sozinho. Ela tem um mandado de prisão contra ela na Turquia. Se estivesse junto estaria presa, e as crianças ficariam como? Aliás, desde maio que ele não vê a esposa e os filhos porque se ela for ao país será presa", explica a advogada.

Além de todo o transtorno de ter de ficar em outro país, Ahmed acumula prejuízos por não conseguir administras suas empresas como deveria.

O caso, de acordo com Provázio, guarda muitas semelhanças com os das brasileiras presas na Alemanha, por isso a suspeita é de que trata-se da mesma quadrilha.

"Nos dois casos 43 kg de cocaína. Nos dois casos tinha GPS nas malas para saber onde a droga ia parar. Nos dois pegaram etiquetas verdadeiras de vítimas. A diferença é que no caso da Kátyna e da Jeanne eles mandaram as drogas no mesmo voo. No caso dele foram quatro dias depois", aponta.

Segundo a PF, em colaboração internacional, as autoridades turcas pediram informações sobre Malak em 10 de julho de 2023, mas as imagens não estavam mais disponíveis devido ao tempo decorrido.

Contudo, diz a PF, descobriu-se que algumas das etiquetas impressas para as malas despachadas por Malak foram retiradas de suas bagagens e reutilizadas nas malas com droga no voo de 26 de outubro de 2022, culminando com a apreensão dos 43 quilos de cocaína em malas com o seu nome na etiqueta.

"Portanto, segundo levantamentos desta Delegacia Especial no Aeroporto Internacional de São Paulo, não há indicativos de que Malak tenha tido participação no tráfico internacional de drogas, mas sim que suas etiquetas foram reutilizadas quatro dias depois para o envio da cocaína", afirma a PF em nota.

A GRU Airport, concessionária que administra o aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, respondeu que o manuseio das bagagens, desde o momento do check-in até a aeronave, é de responsabilidade das empresas aéreas.

A companhia aérea foi questionada e respondeu que está checando as informações.


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