SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Mais de 110 horas após um temporal com ventos acima de 100 km/h atingir o estado de São Paulo, cerca de 11 mil imóveis continuavam, às 10h, sem energia elétrica na região metropolitana da capital. O balanço foi informado pela concessionária de energia elétrica Enel em entrevista coletiva na manhã desta quarta (8).

Do total de domicílios e unidades comerciais sem energia, 4.600 estão na capital paulista. As cidades de Embu das Artes e Cotia, na Grande São Paulo, ainda têm cerca de 3.000 cada uma nessa situação.

O apagão começou no meio da tarde da última sexta (3), o que implica dizer que ainda há milhares de pessoas sem luz há quase seis dias. A empresa diz que espera zerar o número de interrupções do serviço até o fim da tarde.

Questionado sobre a rapidez no atendimento, Max Xavier Lins, diretor presidente da Enel SP, disse que a empresa havia se preparado para uma tempestade menor na sexta-feira. A previsão, segundo Lins, era que a ventania chegasse a 55 km/h, mas a velocidade chegou a quase o dobro disso.

"Quando a gente se prepara para uma tempestade de 55 km/h e vem uma tempestade de 104 ou 105 km/h não é como se tivéssemos duas chuvas 50 km/h. A intensidade é exponencial", disse o executivo.

Ele afirmou que a companhia tinha 300 equipes de manutenção mobilizadas na sexta, pois já havia uma expectativa de queda de árvores. Lins diz que o número de equipes subiu para 900 e agora há 1.200 nas ruas -em cada uma, há em média sete funcionários. Funcionários do Rio de Janeiro e do Ceará reforçam o efetivo, segundo ele.

O executivo afirmou que agora há uma "parte pequena" da população ainda afetada pela ventania, e que isso ocorre porque o trabalho para rodar a energia nesses locais é mais complexo. São fios de baixa tensão, segundo o executivo, e cada uma abastece porções menores do território.

"Precisamos 'pinçar' cada um desses locais", disse Lins. Segundo o executivo, 95% das ocorrências de queda de energia na sexta-feira ocorreram por queda de árvores.

Já os casos de apagão posteriores à ventania têm diversos motivos, e nem todos estão relacionados a chuva e mau tempo, segundo Lins. "Gostaria de tratar esses dois números de forma separada", disse.

O presidente da Enel Distribuição SP disse que mais de 100 quilômetros de novos cabos de média tensão foram instalados em toda a região metropolitana. "É mais do que a extensão de São Paulo até Campinas", lembrou ?a distância entre as duas cidades é de 98 quilômetros.

No total, o apagão tingiu 2,1 milhões de clientes da Enel em 24 cidades da região metropolitana.

Em todo o estado, o número de domicílios afetados em algum momento após a chuva chegou a 4,2 milhões.

Desde o fim de semana, a empresa tem dito que iria normalizar o fornecimento de energia "para quase a totalidade dos clientes até esta terça".

DEMORA EM RELIGAÇÃO GERA REVOLTA

A falta de energia provocou uma série de protestos na capital paulista e na Grande São Paulo. Na manhã desta quarta-feira, moradores de Sapopemba faziam um protesto pela volta da energia na avenida Custódio de Sá e Faria, segundo a Polícia Militar.

Outro protesto ocorreu na noite de terça na Vila Leopoldina, na zona oeste. Moradores de um condomínio da rua Carlos Weber, que estava há mais de quatro dias sem luz, fecharam uma parte da via com galhos de árvores e gritaram palavras de ordem por volta das 19h. A falta de energia também afetou estabelecimentos comerciais nas ruas Brentano e Nanuque por mais de 96 horas, de acordo com moradores.

Segundo Sandra Brait, 56, proprietária de uma lavanderia vizinha aos imóveis afetados, a luz só voltou no local por volta das 9h desta quarta, ou seja, o bairro está entre os locais em que a promessa da Enel de retorno da energia foi descumprida.

Brait apoiou o protesto e contou que já teve prejuízos por causa de ligações elétricas malfeitas na lavanderia pela Enel. "É uma serie de erros, a gente tem uma gestão péssima, incompetente, porque tem poucos técnicos. Não conseguem nem fazer a fiscalização correta", diz a proprietária.

Na região do Morumbi, entre as zonas oeste e sul de São Paulo, um policial militar ficou ferido durante a manifestação na avenida Giovanni Gronchi. Em Cotia, moradores chegaram a fechar uma pista da rodovia Raposo Tavares. Um policial militar foi ferido com um tiro.


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