SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de ter a luz e a água de seu apartamento cortados, a delegada Monah Zein abriu a porta e se entregou a colegas da Polícia Civil.

O desfecho ocorreu por volta das 18h de quarta-feira (22), após ela passar cerca de 28 horas trancada em seu apartamento na região da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais, depois de atirar contra colegas que foram ao local.

"Não houve outra alternativa que não fosse sair porque cortaram a energia e a água. Ela recebeu atendimento do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), já saiu dali sedada direto para o Hospital da Unimed onde ela se encontra no CTI (Centro de Terapia Intensiva)", disse Leandro Martins, advogado que a representa.

O delegado Saulo Castro, porta-voz da Polícia Civil de Minas Gerais, destacou o êxito da operação.

"O gerenciamento de crise demorou mais de um dia, mas, como eu falei, graças a Deus foi finalizado profissionalmente e com êxito absoluto, que é sempre a preservação de vidas", disse.

Segundo ele, Zein estava com duas armas e atirou contra colegas.

"Eu não tenho a informação da quantidade de tiros. Mas houve, sim, disparo de arma de fogo por parte da colega em direção aos policiais do grupo tático. Em nenhum momento houve revide por parte da Polícia Civil com armamento letal", afirmou.

O porta-voz afirmou que a delegada responde a processos na corregedoria.

"É natural que a pessoa que está sendo investigada, no estado democrático de direito, possa se manifestar e alegar que não está tendo seus direitos preservados. Da mesma forma que faz parte desse sistema jurídico legal que a polícia, enquanto órgão público, faça seu papel fiscalizador das atividades dos colegas", disse, sem detalhar os motivos dos processos na corregedoria contra a delegada.

O porta-voz disse ainda que a Polícia Civil tinha mandado de busca e apreensão para a casa da delegada, para apreender armas.

Segundo o advogado de Zein, a ação foi ilegal, pois, no momento da entrada da polícia no condomínio, não havia crime ou mandado ?que teria sido conseguido apenas após a presença dos agentes no local.

"A defesa, amanhã, tem uma reunião institucional. Nós vamos traçar estratégias e ver quais providências serão tomadas junto à promotoria de controle da atividade policial, considerando que aquele ingresso da Polícia Civil, daquela equipe que estava ali, foi irregular, que não tinha ordem legal para para que eles estivessem ali. Não tinha cometimento de crime algum por parte da delegada", afirmou Martins.

O advogado admitiu que a delegada responde a processos na corregedoria, mas também não detalhou os motivos.

A Polícia Civil foi questionada sobre as acusações do advogado da delegada, mas não respondeu.

ENTENDA O CASO

Na tarde de terça-feira (21), a delegada Monah Zein se trancou em seu apartamento depois de efetuar disparos de dentro do imóvel. Colegas tentavam a entrega da arma e a saída da delegada do apartamento.

Equipes da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros e do Samu ficaram de plantão no condomínio Gran Ventura, localizado no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha.

Segundo informações preliminares, a delegada está de férias, mas, na manhã de terça, usou as redes sociais para desabafar e dizer que não queria voltar a trabalhar.

Colegas da Polícia Civil então foram até o endereço dela, e então ela efetuou os disparos. De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, ninguém ficou ferido.

O advogado da delegada afirmou que ela é vítima de assédio moral há muito tempo.

Zein chegou a fazer uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, na qual aparece com uma arma na mão junto à porta do apartamento, durante negociação com os policiais, e manda os colegas irem embora.

O advogado Leandro Martins, que representa a delegada, disse que "em especial as servidoras do sexo feminino" são vítimas de assédio moral na polícia.

A Polícia Civil não respondeu sobre as acusações de assédio.


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