O teatro brasileiro tem entre seus maiores nomes Augusto Boal. O autor, que viveu entre 1931 e 2009, foi um dos maiores teatrólogos do século 20. Ficou conhecido mundialmente pela criação do Teatro do Oprimido, e suas peças ainda são encenadas. Boal teve diversos parceiros de criação, sendo Gianfrancesco Guarnieri um dos mais célebres. O livro Teatro Reunido, lançado nesta semana pela Editora 34, traz as peças escritas exclusivamente por Boal.
A obra reúne 14 peças teatrais, sendo oito delas inéditas. Jansem Campos, apresentador do Programa Arte Clube, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro e Rádio MEC, entrevistou Cecília Boal, viúva do dramaturgo com quem foi casado por 43 anos.
“O livro é extremamente bonito. Milton Ohata [editor] fez a seleção e escolheu peças que foram muito marcantes na trajetória de Boal, como Revolução na América do Sul, O Grande Acordo Internacional do Tio Patinhas, Murro em Ponta de Faca. São clássicos, creio eu, do teatro brasileiro, da moderna dramaturgia brasileira”, diz Cecília.
Apesar de escritas a partir da década de 1950, as obras do teatrólogo parecem escritas para o Brasil e para o mundo de hoje. Temas como política, educação, pela visão do autor, não ficaram datadas.
“Continua muito atual. A Revolução, então, particularmente, é uma obra que nunca perdeu a atualidade, porque ela fala de eleições. E ela fala de eleições num país em vias de desenvolvimento. E, de fato, a gente vê como as pessoas que não têm uma educação cívica, uma educação cidadã, são manipuladas”, avalia Cecília.
O livro Teatro Reunido traz peças inéditas que Boal escreveu no começo da década de 1950 para uma temporada em Nova York com John Gassner, mestre de Tennessee Williams e Arthur Miller, e ainda para o Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado por Abdias do Nascimento.