SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Um dos principais exames educacionais do mundo, o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, na sigla em inglês), é um estudo comparativo internacional realizado a cada três anos para avaliar o desempenho dos estudantes de 15 anos.
A última edição estava programada para acontecer em 2021, mas foi adiada em um ano por conta da crise sanitária. Os dados de 2023 são especialmente importantes porque representam a primeira avaliação internacional a medir o desempenho dos estudantes depois da pandemia de Covid-19 e do fechamento de escolas causado por ela. Assim, os resultados permitem analisar quais países acumularam maiores perdas durante o período.
As provas avaliam o conhecimento dos jovens em três áreas: leitura, matemática e ciências. A cada edição uma delas é escolhida para ser tratada com maior ênfase, o que significa que os estudantes respondem a mais questões sobre essa área do conhecimento.
Nesta edição, aplicada entre abril e maio de 2022, matemática foi essa área.
A prova é organizada pela OCDE, entidade que reúne países desenvolvidos. Nações como o Brasil entram como convidadas. Cada país tem um responsável local. No Brasil, é o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do Ministério da Educação.
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O QUE O PISA AVALIA?
O Pisa avalia um conjunto de habilidades e competências que a OCDE define como sendo as esperadas para estudantes ao fim do ensino fundamental. Assim, busca medir o quanto o jovem adquiriu de conhecimentos para uma participação plena na sociedade.
"O Pisa não se baseia em conteúdos aprendidos, e sim na aplicação dos conceitos em contextos novos, não conhecidos. Que é o que, no fim do dia, os alunos vão precisar no mundo do trabalho, na vida adulta", diz a presidente do Instituto Singularidades, Claudia Costin.
Em matemática, por exemplo, a prova não busca avaliar se o aluno aprendeu o uso de fórmulas ou conceitos, mas a capacidade de usar e interpretar a matemática para seu cotidiano.
Em leitura, a prova avalia se os alunos adquiriram, por exemplo, a habilidade de compreender a informação principal de um texto ou fazer a análise crítica do que estão lendo.
Na edição de 2022, o Pisa focou a avaliação na área de matemática. Também inclui uma nova área para análise, a de pensamento crítico. Segundo os organizadores, a ideia é avaliar até que ponto os estudantes desenvolvem ideias próprias e originais.
QUEM PARTICIPA DO PISA?
São avaliados os 38 países membros, além de outros países e regiões convidadas. O Brasil é um dos que participam como convidado. Em 2023, foram 81 países ao todo.
DESDE QUANDO A AVALIAÇÃO É FEITA?
A primeira avaliação do Pisa foi feita no ano de 2000. O Brasil participa da prova desde a primeira edição.
QUEM SÃO OS ALUNOS AVALIADOS?
O Pisa avalia os estudantes de 15 anos dos diversos países analisados. A população avaliada tem como base sua idade, não uma série específica, porque os sistemas educacionais são diferentes ?e alunos com a mesma idade estão em anos diferentes, dependendo da região.
A avaliação é feita aos 15 porque nesta idade, em grande parte dos países, os alunos já concluíram o ensino fundamental. No Brasil, tipicamente eles estão no 1º ou no 2º ano do ensino médio. A amostra é feita para representar a população em termos socioeconômicos e participação da escola pública e privada.
Segundo a OCDE, cerca de 690 mil estudantes fizeram as provas em 2022 ?eles representam cerca de 29 milhões de jovens de 15 anos dos 81 países e economias analisadas. No Brasil, a prova foi aplicada para 10.798 alunos de 599 escolas.
QUAIS AS LIMITAÇÕES NA INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OU CRÍTICAS AO PISA?
Especialistas em educação se dividem quanto ao modelo do Pisa. De um lado, há os que consideram como positiva a avaliação de habilidades e competências. De outro, há os que questionam os parâmetros considerados como conhecimentos adequados para a idade.
"A primeira limitação na interpretação dos dados é que ele não avalia o currículo escolar do Brasil ou de nenhum dos países analisados. Ele foca em avaliar um conjunto de habilidades e competências, que a OCDE definiu como sendo o esperado para um jovem adquirir. Ao criar um parâmetro geral para todo o mundo, o Pisa desconsidera os diferentes contextos sociais e políticos de cada país", diz Jhonatan Almada, diretor do Ciepp (Centro de Inovação para a Excelência em Políticas Públicas).
Almada também vê com preocupação a forma como os dados influenciam a elaboração de políticas públicas educacionais. Segundo ele, há uma tendência de "copiar" os países que ocupam os primeiros lugares no ranking, sem considerar as especificidades de cada rede de ensino.
"O Pisa ajuda a criar os modismos na educação. Em 2015, quando Singapura alcançou o primeiro lugar, muitos políticos e escolas começaram a fazer projetos de educação financeira para copiá-los", lembra.
"É mais fácil adotar medidas da moda, do que formular uma política que vai de fato mudar a estrutura precária das redes públicas de ensino do Brasil", avalia
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