SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, disse que o fato de Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, estar há cinco anos foragido na cidade do Rio de Janeiro "gera surpresa".

Cappelli disse à Goblo News que a prisão de Zinho "não é o final" do processo. Segundo ele, as investigações sobre a milícia que era chefiada por ele vão continuar. "[A prisão] É parte de um processo que está em curso que vai continuar."

O secretário disse ainda que o foco das operações são eventuais conexões políticas e financeiras. "Você não desmonta uma operação criminosa prendendo apenas um líder porque no dia seguinte na hierarquia surge outro. Precisamos desmontar o coração da organização criminosa, enfrentando eventuais braços políticos e conexões financeiras. Esse é o nosso foco."

Cappelli exaltou o trabalho de inteligência que levou à prisão de Zinho. "Não é possível ter organizações criminosas. Isso é trabalho de inteligência e planejamento, um criminoso há 5 anos foragido, curiosamente na própria cidade do rio de janeiro, que gera surpresa. Houve um processo de aproximações sucessivas, comandado pela PF, acelerado nas últimas semanas, fazendo com que não restasse alternativa a não ser se entregar."

Futuro de Zinho

Cappelli não deu mais informações se Zinho deve ou não permanecer no estado do Rio. "Informações relacionadas a movimentação de líderes são muito sensíveis. vamos esperar os próximos passos, por medida de segurança quanto mais sigiloso melhor."

O secretário disse que espera a colaboração de Zinho nas investigações. "Ele tem muito a dizer sobre como se manteve no Rio de Janeiro e que conexões ele possuía para sustentar esse poder de terror sobre quase 4 milhões de pessoas", disse.

"Esperamos que ele colabore, ninguém se estabelece durante anos implantando terror em cerca de um terço da cidade do Rio de Janeiro sem possuir conexões poderosas. Zinho não estava foragido em outro país, no exterior, ele seguia na cidade do Rio de Janeiro", disse Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça.

PRISÃO E AUDIÊNCIA

Zinho, está em uma área reservada para milicianos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio. Ele está isolado em uma unidade de segurança máxima.

O depoimento em audiência de custódia está previsto para ocorrer às 14h de hoje. O ato processual é um direito de todo preso para que um juiz avalie eventuais ilegalidades na prisão.

Zinho estava foragido desde 2018. Ele tem ao menos 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça por crimes como homicídio, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

O UOL recebeu a informação de que a prisão foi formalizada após "tratativas entre os defensores do miliciano foragido com a PF e a Secretaria de Segurança Pública do estado". A defesa de Zinho não foi localizada.

O QUE DISSERAM AS AUTORIDADES

Flávio Dino, ministro da Justiça, disse ao UOL que a prisão de Zinho está ligada à GLO (Garantia da Lei e da Ordem) nos portos e aeroportos do estado. "Também [tem relação] ao desmonte de parte do esquema de tráfico de armas via Paraguai", afirmou.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça comentou prisão na noite do domingo (24). "Parabéns à Polícia Federal! É trabalho, trabalho e trabalho", escreveu Ricardo Cappelli no X (antigo Twitter).

O governador do Rio de Janeiro disse que a prisão é "vitória da sociedade". "Essa é mais que uma vitória das polícias e do plano de segurança, mas da sociedade. A desarticulação desses grupos criminosos com prisões, apreensões e bloqueio financeiro e a detenção desse mafioso provam que estamos no caminho certo", disse Cláudio Castro (PL).


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