SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Em visita nesta quarta (3) ao território quilombola de Marambaia, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que vai conversar com as lideranças quilombolas da região sobre as demandas da comunidade.

Lula afirmou que o momento é de aprendizado e de resgate da história e dos direitos dessas pessoas.

Em vídeo publicado eu suas redes oficiais, o presidente se referiu ao local como "sagrado para os descendentes de escravos que vieram para o Brasil".

"Isso aqui é uma marca triste de um período histórico do Brasil. Isso é um período que a gente não pode esquecer nunca porque é do não esquecimento que a gente vai construindo a história do Brasil do jeito que ela é'", diz Lula no vídeo.

"Conversei com as pessoas e pude ver as ruínas de uma senzala. Não devemos esquecer o que já aconteceu no nosso país, principalmente toda exploração e sofrimento causado às pessoas negras e indígenas. É assim que poderemos construir um Brasil melhor e mais digno para o povo", diz a legenda da publicação.

As terras visitadas por Lula, onde hoje vive a comunidade quilombola de Marambaia, pertenceram ao traficante de escravos Joaquim José de Souza Breves, conhecido como Comendador Breves.

Atuante no tráfico de pessoas entre os anos de 1837 a 1852, o fazendeiro usava a propriedade para manter os escravizados na época de "engorda", espécie de quarentena em que os africanos trazidos eram alocados para "recuperação" após a viagem forçada, antes de serem enviados aos cafezais.

Hoje o estado do Rio de Janeiro tem 20.344 quilombolas, segundo o Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O território quilombola de Marambaia foi titulado pelo Incra em outubro de 2015. Segundo a documentação, a comunidade quilombola da Ilha da Marambaia é composta por 124 famílias.

A Associação da Comunidade dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia representa os quilombolas da região. Em 2012, o grupo organizou um financiamento para a comunidade por meio do Fundo Brasil (organização de apoio a grupos em defesa dos direitos humanos no país) que resultou em ações de limpeza e preservação da natureza local, de comunicação para a entidade e de negociação da titulação do território.

A principal atividade cultural da comunidade é realizada pelo Grupo Cultural Filhos da Marambaia, que faz apresentações de jongo, capoeira, danças de roda e palestras. São várias as atividades realizadas na comunidade, mas há restrições à visitação pelo público, já que uma parte da Restinga da Marambaia é de uso privado da Marinha.

Os Filhos da Marambaia participam das festas tradicionais de cidades da Costa Verde, no litoral sul do Rio, e já representaram o quilombo fora do Brasil. O grupo também se apresenta em eventos particulares, festivais, encontros de jongo e espaços culturais de relevância.


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