SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pesquisadores chineses desenvolveram um novo método para calcular a idade biológica das pessoas a partir da análise de imagens do rosto, língua e retina. Segundo estudo publicado na última terça-feira (8) na revista científica PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), a ferramenta pode ser usada para identificar o risco de aparecimento de doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento.

A idade biológica é um indicador usado para medir a passagem do tempo em nossos organismos. Ela leva em conta o estado de funcionalidade do corpo humano, e pode ser maior ou menor que a idade cronológica, a depender, por exemplo, de cuidados com a saúde e fatores ambientais.

O novo método consegue calcular com precisão a diferença entre as duas idades e identificar casos de envelhecimento acelerado (quando a idade biológica é consideravelmente mais alta que a cronológica) que podem estar associados ao desenvolvimento de doenças crônicas ?abrindo também uma janela para o tratamento precoce.

Os pesquisadores da Universidade de Pequim usaram inteligência artificial para processar imagens em 3D de 11.223 voluntários saudáveis e outras 2.840 pessoas com seis doenças crônicas (doença coronariana, doença cardiovascular, doença renal crônica, diabetes, hipertensão e acidente cerebrovascular).

Os autores observaram diferença considerável entre as idades cronológicas e biológicas nos participantes do segundo grupo, o que de acordo com o estudo sustenta a tese de que doenças crônicas levam ao envelhecimento acelerado.

Em relação ao maior risco de desenvolver doenças crônicas, eles observaram a prevalência na população dos seis principais tipos e cruzaram com os dados dos voluntários que passaram pelo rastreamento. O resultado mostrou uma associação estatisticamente significativa entre o menor risco de desenvolver doenças e a maior concordância entre idade biológica e cronológica e risco aumentado para aqueles que tinham sinais de envelhecimento acelerado.

De acordo com a publicação, imagens do rosto podem trazer indicativos da saúde da pele, enquanto imagens da língua oferecem informações sobre a saúde do microbioma oral. Por sua vez, imagens da retina contêm dados sobre o sistema neurológico e cardiovascular.

Outros métodos já foram usados para estimar o envelhecimento biológico com alta precisão, como análise de imagens cerebrais e de marcadores de metilação do DNA (espécie de marcador molecular de envelhecimento no DNA), mas segundo os autores do estudo, o novo modelo é mais eficiente por integrar análises de diferentes sistemas do corpo humano, além de ter baixo custo e ser pouco invasivo.

Os pesquisadores concluem que a avaliação de risco de doenças cardíacas, diabetes, hipertensão, AVCs, entre outros problemas de saúde, apesar de serem calculadas, deve exigir também "informações integradas de múltiplos sistemas".


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