SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Após entrar na lista de foragidos do FBI, a polícia federal norte-americana, a brasileira Patrícia Lélis, 29, afirmou que está protegida "em outro país".
A jornalista disse ainda que é representada "por um dos melhores advogados" dos EUA. "Estou protegida em outro país, entreguei os documentos que tenho e estou sendo representada por um dos melhores advogados do país. de ontem para hoje, eu escolhi os jornalistas que eu e meu advogado repassamos as informações que vão ser logo publicadas", escreveu no X (antigo Twitter), na noite desta terça-feira (16).
Lélis declarou ainda que a sua versão é diferente da acusação feita pelo governo norte-americano. "O governo norte-americano tem a versão deles. Eu tenho a minha que inclui e-mails, fotos, vídeos e ligações. Vocês acham que internet é feita para ser tribunal, e não é assim que as coisas funcionam", publicou.
Além de se defender das acusações, a brasileira afirmou que "não deve explicações para ninguém" nas redes sociais. "Twitter não é justiça. Eu não devo explicações para ninguém aqui, eu nem sei quem vocês são".
A jornalista Patrícia Lélis vai responder nos EUA a um processo por fraudes no país. Segundo a Justiça dos Estados Unidos, ela teria recebido cerca de US$ 700 mil (aproximadamente R$ 3,45 milhões na cotação atual) em um esquema que ludibriou pessoas que tentavam conseguir visto de residência estadunidense.
Denúncia diz que ela fingia ser advogada especialista em imigração. De acordo com a investigação dos EUA, apresentada por um tribunal do estado da Virgínia, Patrícia Lélis se passava por advogada especialista em imigração. Ela prometia conseguir vistos de permanência E-2 e EB-5 para pessoas de fora do país ? essas categorias de vistos garantem residência e até cidadania estadunidense para quem investir em negócios por lá.
Ela usava o dinheiro dos clientes para fins pessoais. De acordo com a Justiça americana, Lélis "mentiu sobre suas qualificações profissionais e sobre suas interações com o governo, com os tribunais e servidores públicos dos EUA e deturpou transações financeiras supostamente feitas em nome de clientes".
O esquema durou de setembro de 2021 a julho de 2023. Em um dos casos, ainda conforme a acusação, ela convenceu uma vítima a fazer dois pagamentos de US$ 135 mil. Lélis disse que o dinheiro iria para uma empresa de investimentos imobiliários no estado do Texas que estaria cadastrada no programa do visto EB-5. No entanto, o dinheiro foi parar na conta bancária pessoal de Lélis.
QUEM É PATRÍCIA LÉLIS
De bolsonarista a petista: a vida pública de Patrícia Lélis é marcada por mudanças de posicionamento político. Após ficar conhecida como militante pró-aborto, migrou para o PSC, à época o partido de Jair Bolsonaro ? ela ficou na sigla até meados de 2016. Em seguida, deu uma guinada de viés, declarando-se petista e entusiasta de Lula.
Foto com Lula, e assessoria do petista explicou o contexto. Em publicação no Facebook em 2017, Lélis afirmou que Lula a havia "recebido" e ela tinha se desculpado pelos anos de militância contra o PT. A jornalista publicou o texto como legenda de uma foto em que aparecia abraçada ao petista. Na época, o Instituto Lula informou que a fotografia havia sido feita em um seminário em que o presidente abraçava e concedia fotos a todos que pediam.
Em 2018, Lélis se candidatou a deputada federal pelo Pros em São Paulo. A jornalista obteve 1.605 votos nas urnas e não conseguiu o número mínimo para se eleger.
Um grupo de pessoas que alegava ter trabalhado na campanha a acusou de calote. Nas redes sociais, cerca de 12 pessoas publicaram prints de conversas e notas fiscais de supostas negociações com Patrícia Lélis. Na ocasião, a jornalista se defendeu dizendo que enviou o dinheiro para um consultor realizar o pagamento.
Filiada ao PT, foi acusada de transfobia no partido. Em 2021, quando morava nos EUA, Lélis causou nova polêmica ao fazer uma publicação numa rede social e ser apontada como transfóbica dentro da cúpula petista.
Acabou expulsa do PT. Ela afirmou que uma mulher trans havia mostrado o pênis para mulheres e adolescentes em Los Angeles (EUA). Lélis se defendeu dizendo que o episódio foi tirado de contexto, porém ao menos três vereadoras trans do PT entraram com uma representação contra Lélis no diretório estadual de São Paulo, onde ela era filiada.
ACUSAÇÕES CONTRA FELICIANO E EDUARDO BOLSONARO
Lélis tem um histórico recheado de polêmicas: em 2016 acusou Marcos Feliciano (PL-SP) de abuso sexual. Inquérito da Polícia Civil de São Paulo concluiu que as acusações contra o deputado e pastor eram falsas. Lélis também acusou uma pessoa da equipe de Feliciano de sequestro e cárcere privado.
A 4ª Vara Criminal de Brasília arquivou o processo contra Feliciano. À época, O Ministério Público do Distrito Federal alegou que não foi possível "vislumbrar elementos mínimos para a propositura de ação penal". O caso envolvendo a equipe do deputado e pastor também foi arquivado.
Lélis acabou sendo indiciada pela Polícia Civil de SP por denúncia caluniosa e extorsão. Para a polícia, nada foi comprovado.
Um ano depois, a briga foi com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Em 2017, a jornalista narrou que o filho 03 de Jair Bolsonaro havia ameaçado "acabar com sua vida". Lélis também disse ter sido chamada de "otária".
Ela dizia ter um relacionamento com o deputado, porém ele nunca confirmou. Nada foi comprovado, e novamente a mulher acabou acusada de calúnia.
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