RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Chicoteado por uma mulher branca na zona sul do Rio de Janeiro em abril de 2023, o ex-entregador Max Angelo dos Santos será o herói da Revolta da Chibata no Carnaval carioca deste ano. Ele vai desfilar como o almirante negro João Cândido na escola de samba do Grupo Especial Paraíso do Tuiuti.
Depois da repercussão do caso, Max conseguiu um emprego como auxiliar administrativo em uma empresa de publicidade e se tornou uma voz importante contra o racismo.
O Brasil assistiu às agressões que o então entregador sofreu em São Conrado, no dia 9 de abril do ano passado. Um vídeo flagrou o momento em que Max foi atingido por golpes desferidos com uma guia de cachorro pela ex-atleta Sandra Mathias, que responde por lesão corporal e injúria. Ela nega as acusações.
"O que aconteceu comigo, mais de um século depois da revolta liderada pelo João Cândido, não pode acontecer nunca mais. Vai ser uma responsabilidade muito grande representar esse herói na Marquês de Sapucaí. Fiquei muito honrado com o convite do Tuiuti", disse.
A escola de São Cristóvão, na zona norte do Rio, será a segunda a desfilar na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro.
Max Ângelo estará na terceira alegoria, que vai representar a Revolta da Chibata, ocorrida entre 22 e 27 de novembro de 1910. O movimento foi organizado pelos soldados da Marinha, a maioria negra, que estavam insatisfeitos com os castigos físicos que sofriam --na época, quem violasse as regras da corporação levava chibatadas.
O líder do motim foi João Cândido, que junto aos seus companheiros exigia o fim dos açoites. Quando a revolta chegou ao fim, muitos dos amotinados foram dispensados da Marinha; outros foram presos em protestos posteriores e até enviados para campos de trabalho em plantações.
O filho de João Cândido, Seu Candinho, também será destaque da Paraíso do Tuiuti. Com o enredo "Glória ao Almirante Negro!", a ideia é reforçar o nome do homenageado como um grande herói do povo brasileiro.
Para o carnavalesco Jack Vasconcelos, que assina o desfile da azul e amarelo, a presença de Max é também para dizer que casos de violência contra o povo preto não podem ficar impunes.
"A agressão sofrida pelo Max foi muito importante na definição do nosso enredo para o Carnaval. A gente não pode aceitar nenhum tipo de agressão, muito menos da forma como foi. Ele é um personagem muito simbólico dentro do desfile."
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