GUARUJÁ, SP, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O fotógrafo Caio Pacheco Escobar, 51, usa a bicicleta todo dia para percorrer a praia da Enseada, em Guarujá, no litoral sul, e surfar na praia do Tombo. Neste verão, porém, ele terá que usar a ciclovia que contorna a orla do balneário após a prefeitura proibir a circulação de bicicletas na faixa de areia.

A medida, segundo Valéria Amorim, secretária de Defesa e Convivência Social de Guarujá, visa reduzir o número de roubos e furtos de celular, que dispara na alta temporada. "A bicicleta é usada como veículo de fuga em caso de furto", diz.

No ano passado, quatro cidades da Baixada Santista registraram recordes na quantidade de furtos. Das 9 cidades da Baixada Santista, 6 tiveram alta no índice criminal ligado ao comércio ilegal de celulares roubados, entre elas, Guarujá.

No balneário, a tendência de alta nos furtos segue ininterrupta desde 2019, após seis anos seguidos de baixa no indicador criminal. Em relação aos roubos, o balneário teve dois anos de crescimento consecutivos, 2022 e 2023, com salto de 25,5% no ano passado.

De acordo com a secretaria de Segurança Pública (SSP), entre janeiro e novembro de 2023, Guarujá teve 2.028 roubos e furtos de celulares, uma queda e 1,7% em comparação ao mesmo período no ano anterior, quando 2.064 casos foram contabilizados. "A atual gestão tem direcionado recursos para desmantelar redes criminosas envolvidas em roubos, furtos e receptação dos aparelhos", informou em nota a secretaria da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).

No ranking de cidades da Baixada Santista com maior número de roubos e furtos registrados ao longo dos últimos dez anos, Guarujá ocupa o terceiro lugar com 67,5 mil ocorrências entre 2002 e 2023, atrás de São Vicente com 76,3 mil e Praia Grande, com 103,4 mil.

Além da proibição da circulação de bicicletas na faixa de areia, a secretária Amorim afirmou que a gestão municipal tem feito um cinturão de segurança para o turista na orla do balneário, com reforço no efetivo da Polícia Militar na alta temporada.

A restrição do modal na faixa de areia é criticada por ciclistas assíduos como Escobar. "Em vez de proibir, teria que colocar mais policial. Não vai adiantar nada, os roubos vão continuar", diz o fotógrafo, que sofreu um acidente grave de carro em 2016 e passou a usar a bicicleta como meio de transporte. "Tenho medo até de andar na ciclovia, saio de madrugada e essa época tem muito motorista bêbado na cidade", continua.

O ambulante Marcos Felipe da Silva, 29, vende bebidas em uma caixa térmica acoplada à bicicleta que comprou com o dinheiro da rescisão após ter pedido demissão da fábrica onde trabalhava. Ele conta que foi abordado por um policial militar que o alertou sobre a proibição. "Me disse que eu teria que ira para o calçadão se quisesse continuar vendendo na praia", conta. "Preciso da bicicleta porque a mercadoria é pesada", continua.

Além dele, outros ambulantes usam o meio de transporte como apoio para a venda das mercadorias aos banhistas na alta temporada, quando o movimento é maior.

Os próprios frequentadores costumam pedalar para chegar às praias e têm o costume de empurrar a bicicleta para entrar na faixa de areia antes de posicioná-la com o guidão na areia e as rodas para cima para evitar problemas nas correntes causados pela maresia. "Tenho medo de deixar presa no calçadão porque há risco de voltar e não encontrar mais nenhuma bicicleta", diz a estudante Talita Almeida, 24, frequentadora da Enseada. "Já tive uma roubada dessa maneira", completa.


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