gênero. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil" title="Joédson Alves/Agência Brasil" class="flex-fill img-cover">
Alice compartilha os maiores medos: a solidão, o julgamento das pessoas, ser expulsa de casa, ser agredida na rua. Mas
também traz o que ela chama de pequenas felicidades trans, como “sair a primeira vez na rua é um marco. Você acha que nunca vai ter coragem, mas quando consegue, é uma libertação muito grande”, diz no livro.
Ela também compartilha o que gostou e o que não gostou de ouvir até então, por exemplo, não gostou quando questionavam se ela tinha certeza que era trans. Ela insere no livro uma seção apenas de comentários e perguntas desagradáveis para não serem feitas a pessoas trans e um glossário com alguns termos LGBTQIA+.
“Eu conheço pessoas que são trans e trabalham com quadrinhos, mas, de todas que eu conheço, eu não sei citar uma que esteja no mainstream [corrente dominante ou convencional]
. Elas são todas alternativas. A gente tem muita dificuldade de furar a nossa bolha. A gente acaba ficando restrita porque não está nas principais editoras, não está sendo mostrada. A gente depende muito de feiras ou de redes sociais”, diz.
Além do livro em que compartilha a própria história, Alice escreveu outros quadrinhos, como A Travessia, uma ficção científica
na qual um astronauta solitário busca planetas com recursos naturais quando, próximo a um buraco negro, encontra uma misteriosa viajante que muda sua vida. Para ela, é fundamental que pessoas trans tenham espaço nas artes não apenas para tratarem da própria história, mas dos mais diversos temas.
“Eu não preciso escrever uma história que tenha a ver com a minha vivência trans, eu preciso escrever histórias e que essas histórias sejam lidas, que cheguem ao público”, defende. “Essa diversidade é importante até para tornar uma diversidade em termos de temas, de temáticas e de pontos de vista”, acrescenta.
Alice defende que haja incentivos, sobretudo públicos, para a produção artística de pessoas trans. Além de gerar empregos, uma vez que o produzir filmes, ou livros, por exemplo, demanda mão de obra de diversos setores, a divulgação para a sociedade faz com que as pessoas trans sejam mais conhecidas e consequentemente mais aceitas.
“Eu acho que precisa de, talvez, alguma coisa mais vinda do poder público para aumentar essa diversidade em todos os meios, porque também é a melhor forma de diminuir o preconceito, diminuir a violência. Quanto mais a gente está incluída, mais as pessoas veem a gente de uma forma normal, né? Com mais empatia”, diz.
Para marcar a visibilidade trans, cuja data é 29 de janeiro, a
Agência Brasil
publica histórias de cinco artistas trans na série
Transformando a Arte, que segue até o dia 31 de janeiro.
Tags:
Alice Pereir | transexuais | visibilidade trans 20 anos
Entre na comunidade de notícias clicando
aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!