SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), parte do MEC (Ministério da Educação), anunciou, na última quarta (31), a troca na presidência da entidade. Sai Mercedes Bustamante e entra Denise Pires de Carvalho, que até então ocupava o posto de secretária de Educação Superior do MEC.
Bustamante estava à frente da Capes desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O MEC não apontou motivos para a substituição. Questionado pela reportagem sobre a motivação da troca, o ministério encaminhou a nota publicada em seu site sobre a substituição. O texto, porém, não diz por que houve a mudança.
A reportagem procurou a Capes nesta quinta (1º), por email, e não teve resposta até o momento.
Por meio do aplicativo WhatsApp, Bustamante não se manifestou a respeito do motivo de sua saída e encaminhou a reportagens notas de agradecimento que recebeu pelo tempo que presidiu a coordenação.
No mesmo dia do anúncio da troca, Bustamante aparece em uma foto em encontro, pela Capes, com a Education Research Association, divulgada pela própria Capes. Dias antes Bustamante recebeu, em nome da Capes, na cerimônia de comemoração dos 90 anos da USP (Universidade de São Paulo), a medalha Armando de Salles Oliveira.
Em dezembro, a Folha de S.Paulo mostrou uma denúncia de assédio moral contra mulheres dentro da Capes. Uma carta sobre o assunto foi destinada a Bustamante, ao ministro da Educação, Camilo Santana, e ao ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho.
A denúncia foi feita pela Liga das Amigas da Capes, que criticavam a atuação do diretor do Diretor de Avaliação, Paulo Parreira dos Santos, que é amigo de Bustamante. A Liga acusa Parreira dos Santos de interromper mulheres em reuniões, em intimidá-las publicamente como se fossem burras e de coagi-las para que votassem seguindo seu interesse.
Há outras acusações ainda envolvendo Parreira dos Santos, como de pressão para recriação de um comitê de assessoramento e conflitos de interesse na escolha dos integrantes de uma Comissão Assessora.
Na ocasião da revelação da Folha de S.Paulo, a Capes afirmou que recebeu a denúncia e encaminhou à sua Ouvidoria e Corregedoria.
"Segundo avaliação da Corregedoria, as suposições expostas na mensagem, por serem genéricas e não apontarem vítimas e fatos específicos relativamente à suposta prática de assédio denunciada, não apresentam indícios mínimos para a materialidade e autoria de atitude ilícita da administração para que fosse, naquele momento, instaurado qualquer procedimento investigatório contra os agentes públicos", disse a Capes à Folha de S.Paulo em dezembro, afirmando ainda a possibilidade de nova análise, caso surgissem novas informações ou evidências.
Denise Pires de Carvalho foi a primeira reitora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), posto que ocupou de 2019 a 2023. Ela também foi professora titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, na UFRJ.
Formada em medicina pela própria UFRJ, ela também é membro titular da ABC (Academia Brasileira de Ciências).
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