SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A campanha de testagem rápida da Prefeitura de São Paulo para pessoas com sintomas de dengue começou com baixa adesão nos postos de saúde de bairros com maiores taxas de transmissão da doença na cidade.
A reportagem visitou duas UBS (Unidade Básica de Saúde), na Vila Jaguara e na Vila Leopoldina, na zona oeste da capital paulista, na manhã deste sábado (3). Houve queixas de pacientes sobre falta de divulgação da ação por parte da gestão municipal. Procurada na tarde deste sábado, a Secretaria Municipal da Saúde ainda não havia se manifestado até a publicação desse texto.
A coordenadora comercial Giselli Bassoli, 50, começou a sentir os sintomas de dengue ?febre, dor no corpo e dor de cabeça? na quinta-feira (1º). O alerta de que poderia estar com a doença, porém, veio da manicure vizinha.
"Quando liguei para cancelar [o atendimento], ela me disse: ?Será que não é dengue? Já tem quatro pessoas [infectadas] aqui na rua", conta ela.
Bassoli é moradora da Vila Jaguara, o bairro com maior índice de transmissão da dengue em São Paulo. Ela buscou a UBS (Unidade Básica de Saúde) Vila Jaguara na manhã deste sábado (3) para realizar o teste.
Todas as UBSs da cidade estão abertas neste sábado para o atendimento de pessoas com sintomas de dengue. A Secretaria Municipal de Saúde adquiriu 200 mil testes rápidos para o mutirão.
"É muito importante ter esse diagnóstico rápido. Mas falta maior divulgação da campanha. Se não fosse pelo aviso da minha manicure, não ia saber [que o posto de saúde estava aberto]", diz Giselli. Ela passou por atendimento médico no local após realizar o teste e receber o diagnóstico positivo.
O movimento de pacientes na unidade de saúde começou a aumentar por volta das 10h deste sábado. A reportagem conversou com seis pessoas na área de atendimento de suspeitos de dengue.
Na espera para realizar o teste rápido, a funcionária pública Marisa Regina Lima, 55, conta que soube da ação da gestão municipal por meio de uma propaganda na televisão. Ela, que também mora na região, diz que seu marido foi diagnosticado com dengue.
Após começar a sentir sintomas parecidos na noite de quinta, decidiu buscar a unidade de saúde.
"Muita gente da comunidade e muitos conhecidos meus aqui do bairro pegaram dengue", afirma.
O resultado de Marisa, porém, deu negativo. Ela diz que foi orientada a voltar nos próximos dias ao local para refazer o exame.
Já na UBS Parque da Lapa, na Vila Leopoldina, o movimento de pacientes estava mais baixo.
O bairro da zona oeste também apresenta alta taxa de transmissão ?cerca de 76 casos a cada 100 mil habitantes, segundo a secretaria de Saúde.
Ao menos quatro pacientes buscaram a unidade de saúde para realizar teste de dengue no período de uma hora em que a reportagem ficou no local.
O advogado Daniel Beneverti, 50, e sua mulher, a administradora Thaís Amaral, 47, moram na rua Barão da Passagem, a cerca de 1km de distância do posto.
"Na nossa rua, todas as casas têm uma pessoa infectada", conta ela, que recebeu diagnóstico de dengue no último dia 25.
O marido, após apresentar sintomas na quinta, decidiu fazer o teste neste sábado. Deu positivo. "Achamos que está vazio [o posto], acho que o pessoal não viu muito [a campanha]", diz ele. O casal soube da ação da prefeitura por meio do noticiário.
O aposentado Rubens Ribeiro Filho, 73, e a sua mulher, a professora Esméria Ribeiro, 70, também vivem em uma casa próxima à UBS Vila Leopoldina.
O casal ficou sabendo que a unidade estava aberta para a realização de testes de dengue após receber uma visita de agentes da prefeitura neste sábado.
A equipe realizou uma vistoria na residência do casal em busca de focos de dengue. "Eles disseram que estava tudo bem e perguntaram se tinha alguma pessoa com sintomas", conta Esméria.
O seu marido estava com febre e dores no corpo desde quinta. Os dois, então, foram orientados a buscar a UBS. Rubens realizou o teste, que confirmou os sintomas: estava com dengue.
Ainda na manhã deste sábado, a prefeitura testou um drone para aplicação de larvicida em terrenos de difícil acesso para auxiliar nas ações de controle e prevenção ao mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, zika e chikungunya.
"Essa região aqui da Vila Jaguara, por exemplo, tem muitas indústrias, empresas. E, em alguns estabelecimentos de imóveis fechados, é muito burocrático para a vigilância sanitária adentrar [no imóvel]. Você fazer a utilização do drone, identificando uma água parada, conseguimos também com o drone fazer aplicação do larvicida e fazer controle bibliológico", afirmou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) à Folha, que visitou a UBS Vila Jaguara na manhã deste sábado.
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