SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "O que um punk tá fazendo no Carnaval? Metendo o louco, claro", disse a estudante Isabella Jorge, 22, enquanto se preparava para subir no teto de um carro para dançar.
Junto a outras centenas de pessoas, a jovem curtia o desfile do bloco Os Originais do Punk, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, durante a tarde deste sábado (10).
Em preto, evocando o estilo sombrio do ritmo a guiar o grupo, ou amarelo, cor do abadá oficial, as pessoas pulavam e se abraçavam rua abaixo. Às vezes, elas começavam a gritar. Questionado sobre o motivo, o biólogo Márcio Vieira, 43, respondeu: "Tá no sangue, bebê. Estamos sentindo a vibração e libertando."
O bloco atraiu muitos pais que buscavam mostrar a seus filhos o caminho da rebeldia. Juntos, eles cantavam as músicas escatológicas ali reproduzidas. "Enquanto você fala, eu faço cocô", dizia uma.
Os Originais do Punk, fundado há 11 anos, se diz uma organização entre a folia e a luta. Todos os anos, o cortejo é organizado sob alguma campanha social. A deste ano foi a arrecadação de alimentos para o Padre Júlio Lancelotti, que os distribui a sem-teto na região central.
"As pessoas acham que somos bagunceiros, desordeiros, despreocupados. Nada disso. Aqui bate um coração apaixonado pela humanidade", declarou o empresário Heitor Frazão, 60.
Chegada a metade do percurso, um bate-boca começou. Era Isabella, a dançarina, encontrando o dono do seu palco-automóvel. As pessoas riam assistindo à cena.
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