SÃO PAULO, SP, BELO HORIZONTE, MG, RIO DE JANEIRO, RJ, E RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - Em São Paulo para passar o Carnaval, os amigos gaúchos Fernando, Miguel e Lana preferiram fazer a mala com roupas confortáveis e deixar as fantasias de lado. "Em outros anos, passamos muitas dificuldades com fantasias. Dificulta a mobilidade, é quente. Eu só quero estar leve", disse Lana enquanto se preparava para curtir os blocos na região central.

O figurino escolhido pelos amigos foi shorts, regata e tênis, mesma opção do estudante de engenharia civil Gabriel Pereira, 25, para participar do Carnaval de rua em Belo Horizonte (MG) neste sábado (10). "Dá muito trabalho para arrumar e fica caro. Vim sem fantasia e gasto o dinheiro tomando cerveja", disse, enquanto curtia a festa na avenida Afonso Pena, região central da capital mineira.

No bloco carioca Terreirada Cearense, a produtora Izabel Campello, 46, e o administrador Michel Diogo, 49, preferiram a praticidade e deixaram a fantasia de lado. Eles explicam que, curtindo blocos no Rio há 20 anos, já tiveram fases de se fantasiar mais. Hoje, optam por usar o que já tem em casa. "Para sair às 7h da manhã, com família, a gente vai com o que tem em casa. Já se foi o tempo de pensar em fantasia", diz Izabel.

Já Diogo explica que, para o Terreirada, ele comprou uma camisa em homenagem ao bloco. A estampa é um cordel, uma referência à festa que mistura ritmos nordestinos com o Carnaval de rua. "Eu comprei a camisa estilo terreirada", conta ele, que completa: "É mais fácil a camisa de botão, é leve e, se fizer calor, é só abrir".

Além de priorizar o conforto para enfrentar o calor típico do clima carnavalesco, no Recife (PE), a correria do dia a dia parece ter sido o principal empecilho para os foliões não se fantasiarem neste ano. A empresária Taciana Mahinc não teve tempo de se programar para pensar em figurinos especiais, mas isso não a impediu de curtir plenamente o Galo da Madrugada.

"Trabalho com comércio e esta época do ano é sempre muito corrida. Não consigo me planejar, apesar de sempre querer. Ano que vem quero investir em fantasias. Por enquanto vou nos adereços de cabeça e, é claro, na sombrinha de frevo", diz ela.

O soldador Clayton Eduardo frequenta o Galo há mais de 20 anos, mas sempre "à paisana". "Desde moleque venho pular o Carnaval aqui, mas mesmo amando a festa não gosto de me fantasiar", explica. Neste ano, ele "nevou" pela primeira vez a pedido da mulher e descoloriu o cabelo especialmente para os dias de folia. A gíria carioca, que se espalhou pelo país, refere-se à moda de deixar os cabelos quase brancos, assim como vários jogadores de futebol.

Em São Paulo, o megabloco Agrada Gregos tinha alguns foliões que resolveram ir a caráter com roupas que remetem à antiguidade, com coroas e guirlanda de folhas na cabeça, mas eram exceções. A maioria decidiu ir sem fantasia temática ao complexo montado em frente ao parque Ibirapuera, na zona sul, apenas com adereços brilhantes e glitter.

Uma das fantasias mais produzidas era a do engenheiro civil Lucas Anselmo, 33. Ela carregava uma placa da Valentina Caran Imóveis, uma conhecida imobiliária da cidade de São Paulo, que espalha pela cidade anúncios com o rosto da empresária estampado.

"Ela é um ícone, vemos placa dela na cidade toda, mas não sabemos quem ela é de verdade", declarou. Ele disse que a fantasia era uma homenagem, mas não tinha vontade de ser tornar Valentina Caran.

Lucas era abordado por outros foliões no meio da multidão para elogios à sua fantasia e pedidos de foto. Uma mulher que pediu uma selfie também perguntou se ele tirava tarô ?o engenheiro respondeu que não.

Ele estava acompanhado de uma menina vestida de diabinha e de um amigo que não sabia ao certo qual era sua fantasia: ele usava um macacão transparente, uma cueca com desenhos de folha de maconha, um brinco de arco-íris, uma pulseira e um colar de patos de borracha.

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Bruno Lucca, Camila Zarur, Leonardo Augusto, Tulio Kruse e Valentine Herold


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