Por ser fruta nativa brasileira, o caju foi escolhido como enredo da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel para o carnaval deste ano, no Rio de Janeiro.
“Fruta brasileira não é banana, não é maçã. É caju!”, disse à Agência Brasil o
chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Gustavo Saavedra. Não só a história e a tradição dessa fruta estarão no desfile, como também inovações da ciência brasileira. Clones de mudas de cajueiros, algo que parece ficção científica, vão cruzar a avenida com os foliões.A escola desfila no Sambódromo nesta segunda-feira (12). O enredo diz Pede caju que dou… Pé de caju que dá
e é assinado pelo ator e humorista Marcelo Adnet e por Paulinho Mocidade, entre outros compositores. Em julho, a Embrapa, que tem em Fortaleza (CE) o centro que desenvolve toda a pesquisa com o caju, entrou em contato com a escola de samba para falar não só sobre as características da fruta, como sobre toda a tecnologia que sua produção envolve.“A cajucultura hoje demanda tecnologia, demanda sistemas produtivos avançados. Então, a gente tem que unir as características da fruta com a tecnologia que o agro brasileiro demanda”, explicou Saavedra. A partir daí, a Embrapa Agroindústrria Tropical passou a trabalhar junto com a Mocidade, dando informações técnicas, “até para eles construir
o samba, o enredo, os carros alegóricos. Foram muitas conversas”.Na reta final, foi plantado um cajueiro na Cidade do Samba, em área reservada para a Mocidade pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). Para o carro alegórico da escola, que fala do caju e da tecnologia de produção, a Embrapa doou 500 mudas de cajueiros anões, também chamadas clones. “A tecnologia Embrapa estará na Marquês de Sapucaí. Os clones são as variedades”.
Cada clone demora, em média, 30 anos para se desenvolver completamente. “Porque a gente tem que buscar, na natureza, as variedades mais adaptadas, fazer cruzamentos e, a partir disso testar as características não só
de produção, mas industriais e sensoriais do produto. Por isso é que demora muito”.Uma vez feito isso, o processo de multiplicação do caju é por clonagem. A partir do conjunto de plantas base, são feitas cópias. “Cada cultivar de caju é cópia de um conjunto de plantas que está lá na nossa estação experimental. Todas têm a mesma característica de produção”, observou o chefe-geral.
As mudas foram doadas à Mocidade Independente de Padre Miguel em troca de uma ação social. Após o carnaval, a escola se comprometeu a realizar um trabalho também de doação para a comunidade, para as pessoas plantarem os cajueiros nos seus próprios quintais ou em parques.
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