SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A GCM (Guarda Civil Metropolitana) usou bomba de gás, bala de borracha e spray de pimenta para dispersar foliões que ocupavam o entorno da praça Olavo Bilac, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, após o bloco Prato do Dia, na tarde deste domingo (11).
Foliões que acompanhavam o desfile relataram que era perto das 17h, a música tinha parado, mas ainda tinham ambulantes e muitas pessoas nas ruas. Foi quando os agentes se posicionaram em formação de confronto e começaram a bater os cassetetes nos escudos. Garrafas de vidro foram lançadas em direção aos agentes, que revidaram com tiros de bala de borracha.
O jornalista Alnilan Orga, 27, acompanhava outro bloco próximo e seguiu para a praça Olavo Bilac. Ele conta que viu GCM se aproximar a partir da avenida Angélica acompanhada da equipe de limpeza. "Vi uma foliona que levou spray de pimenta na cara. Minha amiga foi ajudar e levou um tiro de bala de borracha no pé", diz.
Em nota, a secretaria de Segurança Urbana afirmou que os agentes usaram equipamentos de menor potencial ofensivo ao serem atacados durante ação de fiscalização de comércio ambulante irregular. "No momento em que eram realizadas apreensões, diversas pessoas partiram em direção aos agentes", diz a secretaria. Um guarda civil ficou ferido e foi atendido na Santa Casa.
A secretaria também afirmou que "apura rigorosamente todas as denúncias" que não compactua com irregularidades.
A professora Fernanda Frigo, 41, foi atingida após ter ido em direção aos agentes quando viu a mulher ser atingida pelo spray de pimenta. "Eu vi aquilo e não consegui ficar calada", diz. "Não tinha o menor sentido fazer aquilo, as pessoas já estavam saindo assim que a GCM apareceu batendo nos escudos."
Ela conta que foi ao hospital para ser examinada, e não teve fraturas, apenas um inchaço no pé por causa do disparo da bala de borracha. "Não lembro de ter visto algo assim no Carnaval. Acabou para mim agora, vou ter que ficar de repouso", diz.
Diante da confusão, muita gente que estava na rua correu para se refugiar no bar Prato do Dia. "Passou meia hora e a praça estava cheia de gente de novo", diz Orga. "Qual o motivo de machucar pessoas e promover o caos para liberar uma rua que nem tinha tanto movimento de carros?", questiona.
"Encerramos o bloco às 16h, e a GCM argumentou que precisava dispersar para a equipe de limpeza trabalhar", diz a organizadora do bloco, Carolina Ragagnin.
Ainda havia pessoas na rua quando as equipes da limpeza usaram jatos d'água para limpar o asfalto.
O entorno da praça Olavo Bilac concentra bares e casas noturnas e costuma ficar com as calçadas tomadas nos finais de semana, fora do período de Carnaval.
Neste ano, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) determinou a dispersão dos blocos até as 17h, o que tem sido alvo de protestos por parte dos organizadores. No ano passado, o horário limite para o encerramento foi às 18h.
A demora para os foliões liberarem as ruas também foi motivo para dispersões violentas no Carnaval do ano passado, principalmente, na região central.
Houve denúncias formais de agressão à Ouvidoria das Polícias, que, neste ano, se reuniu com os blocos e com o comando da Polícia Militar para reduzir as ocorrências de violência policial nos dias de festa.
A dispersão do bloco Bonde Pesadão, da cantora Iza, que ocupou as ruas de Santo Amaro, na zona sul, neste domingo, contou com um "paredão" de funcionários da prefeitura que foram arrastando os foliões assim que a música parou.
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