RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A expansão das fontes renováveis de energia levou o setor elétrico brasileiro a registrar em 2023 o menor índice de emissões de CO² (gás carbônico) desde 2011, segundo dados compilados pelo MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação).
Na média do ano, o setor elétrico emitiu 0,038 toneladas de CO² por TWh (terawatt-hora gerado), contra 0,042 toneladas de CO² por TWh no ano anterior. Em 2011, foram 0,028 e, desde então, o indicador ultrapassou a casa de uma tonelada por TWh em três ocasiões de crise hídrica: 2014, 2015 e 2021.
A queda do indicador reflete o cenário favorável às hidrelétricas e a expansão da geração eólica e solar, que reduziram a necessidade de acionamento de usinas térmicas, mais poluentes e mais caras.
Segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), as energias renováveis solar, eólica e hidrelétrica foram responsáveis por quase 90% dos 75,6 mil MW (megawatts) médios injetados no sistema elétrico brasileiro em 2023.
As fontes solar e eólica bateram recorde de geração, com 15,9 mil MW médios, crescimento de quase 50% em relação ao ano anterior. Com subsídios e grande apelo para consumidores industriais, as duas fontes têm experimentado grande crescimento no país.
Seu potencial é destacado pelo governo como um dos diferenciais do país na corrida por investimentos em transição energética, um dos pilares da nova política industrial anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
É usado também como trunfo pelo governo nos debates sobre a redução das emissões de gases do efeito estufa, como ocorreu na COP28, realizada em Dubai no fim de 2023.
"O mundo já está convencido do potencial das energias renováveis", afirmou o presidente, em um discurso. "É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis."
A área energética do governo e a Petrobras, porém, defendem a expansão da exploração de petróleo no país como uma maneira de garantir recursos para financiar a transição energética. Nesse sentido, a estatal ainda espera abrir novas fronteiras na margem equatorial e no litoral sul.
O ritmo de expansão de energias renováveis deve se manter acelerado no país nos próximos anos. Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), há hoje 107 usinas eólicas e 173 usinas solares em construção no país.
Outras 515 usinas eólicas e 2.837 usinas solares já obtiveram outorga, mas ainda não iniciaram as obras -não há garantia, porém, de que todas sairão do papel.
"O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta", disse Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), em nota divulgada nesta sexta-feira (16), que comemora a expansão do setor.
Esse fator, continua, "abre uma enorme possibilidade para a produção do hidrogênio verde (H2V) mais barato do mundo e o desenvolvimento de novas tecnologias sinérgicas, como o armazenamento de energia e os veículos elétricos."
Por outro lado, há grande preocupação de organizações ambientalistas e ligadas a comunidades tradicionais da região Nordeste em relação aos riscos socioambientais dessa expansão, que hoje já é foco de uma série de conflitos.
Em janeiro, 29 entidades lançaram uma proposta de novas regras para autorizações de construção de parques de geração de energia eólica e solar no país, com o objetivo de debater mecanismos de proteção contra os impactos que esses projetos impõem aos territórios e aos seus habitantes.
"Embora carreguem o rótulo de energia limpa, a forma como as grandes usinas eólicas e solares e suas
linhas de transmissão vêm sendo instaladas no Nordeste brasileiro está longe de ser inofensiva", diz o documento.
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