SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O atendente de farmácia Luan dos Santos, 32, aproveitou a folga na sexta-feira (16) para cortar o cabelo. Segundo parentes naquele dia ele planejava se reunir com amigos, seguir até o litoral para comer camarão e retornar em poucas horas para São Paulo, onde morava com a mãe no Jabaquara, na zona sul.

Na parte da tarde, Santos e mais dois amigos seguiam em duas motocicletas pela rodovia Anchieta, que liga a capital à Baixada Santista. Ele estava como passageiro de uma das motos. No outro veículo, estava um policial civil, amigo do jovem.

Morreu após ser baleado por policiais militares que cruzaram com o grupo na rodovia.

Segundo a versão dos policiais militares, eles seguiam pela estrada quando suspeitaram dos ocupantes de duas motos que estava em alta velocidade e realizando manobras arriscadas.

Os PMs afirmaram ter feito sinal de parada para os condutores, que não teriam respeitado.

Conforme a SSP (Secretaria da Segurança Pública), "em certo momento, o garupa de uma das motos fez menção de estar armado e um dos PMs apontou sua arma como forma de se proteger. Na sequência, a motocicleta parou bruscamente e os PMs frearam para abordá-los, ocorrendo um disparo acidental".

Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada e socorreu o baleado, Santo, que foi levado para o Hospital Modelo de Cubatão.

Os familiares contam outra versão diferente. Santos teria sido baleado ao desembarcar da moto, que já estava parada.

Os irmãos do atendente de farmácia afirmam que Santos sempre trabalhou e nunca se envolveu com crimes.

Eles contam que o jovem deu entrada no hospital como indigente, mesmo estando com o documento no bolso.

"Não justifica tirar a vida de ninguém. Nem se fosse bandido. Lugar de bandido é na cadeia. Quem dirá uma pessoa do bem, decente, trabalhador", disse a irmã Manoela dos Santos, 31, vendedora.

Quase 300 pessoas compareceram ao enterro, realizado no domingo (18) em um cemitério em Diadema, na Grande São Paulo. Muitos dos presentes eram funcionários da Drogasil, rede de farmácias onde o jovem trabalhava havia pouco menos de um ano.

"A gente quer justiça, ele não morreu, ele foi assassinado", acrescenta Manoela.

Em nota, a SSP declarou que o caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial na Central de Polícia Judiciária de Santos, e é investigado pela Polícia Civil, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário. A Polícia Militar também apura a ocorrência por meio de Inquérito Policial Militar.

Segundo a pasta, os policiais rodoviários envolvidos na ocorrência não fazem parte da Operação Verão. Tal ação já deixou 28 mortos na Baixada Santista após supostos confrontos com policiais militares desde o assassinato do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, 35, no dia 2 de fevereiro.

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