SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um homem que estava internado desde a noite de terça-feira (27), depois de suposto confronto com a Polícia Militar em São Vicente, na Baixada Santista, morreu nesta quinta-feira (29), de acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública). O jovem de 24 anos havia sido baleado e estava no pronto-socorro do Hospital do Vicentino.
Com isso, chega a 39 o total de mortos na Operação Verão, na Baixada Santista, iniciada após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, 35, no dia 2 de fevereiro.
"Até o momento, 39 pessoas morreram em confronto com a polícia, entre elas o líder de uma facção criminosa envolvida com o tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, tribunal do crime e atentado contra agentes públicos", afirmou a SSP em nota.
Segundo a PM, os agentes faziam operação contra o tráfico de drogas no Jardim Rio Branco, em São Vicente, na última terça, quando foram surpreendidos por pessoas armadas em área de mata. Houve confronto e cinco suspeitos, de acordo com a polícia, foram atingidos. Quatro deles morreram no mesmo dia. Já o jovem que foi socorrido, acabou morrendo nesta terça
Além dele, os outros mortos na ação de terça são dois homens de 18 e 31 anos, e dois adolescentes de 17 anos.
Um sexto suspeito foi detido e encaminhado para a delegacia. Ele foi liberado depois de relatar que estava no local para comprar drogas, quando foi surpreendido pela troca de tiros e se escondeu na mata.
Com o grupo, ainda de acordo com a PM, foram apreendidos dois revólveres calibre 38 e uma pistola .40, além de porções de drogas, dinheiro e celulares.
O caso foi registrado como tráfico de drogas, posse ou porte ilegal de arma de fogo, resistência e morte decorrente de intervenção policial na Delegacia Sede de São Vicente. Segundo a pasta da segurança, os fatos serão investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário.
A quantidade de óbitos torna a Operação Verão 2024 a segunda ação mais letal da história de São Paulo, atrás apenas do massacre do Carandiru, quando 111 homens foram mortos durante a invasão da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992.
O número de mortes desde o dia 3 de fevereiro já é superior ao de 40 dias de Operação Escudo, realizada na mesma região entre 28 de julho a 5 de setembro, quando 28 pessoas foram mortas após o assassinato do também soldado da Rota Patrick Bastos Reis, 30. O PM foi baleado em uma via na periferia de Guarujá na noite de 27 de julho. Assim como Cosmo, Reis também estava em serviço ao ser atingido.
RELATÓRIO APONTA VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS EM OPERAÇÃO
Parentes de um jovem cego, de 24 anos, afirmaram que ele é um dos mortos pela polícia na Baixada. O caso ocorreu no último dia 7 e faz parte de um relatório produzido pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo sobre violações de direitos humanos durante a Operação Verão
Mesmo com nomes diferentes (Verão e Escudo), as investidas dos policiais são semelhantes: ocorrem principalmente nas periferias das cidades de Santos, São Vicente e Guarujá e contam com a presença de praças e oficiais lotados na capital, por exemplo, da Rota e do 3º Batalhão de Choque, com sede na Vila Maria (zona norte).
O tipo de material apreendido e apresentado pelos policiais também são comuns às duas operações ?armas, drogas e rádios comunicadores.
"Assim como na Operação Escudo, a atual [Verão] é repleta de denúncias de abuso e violência policial. Infelizmente, os relatos de familiares das vítimas e testemunhas apontam para práticas de execuções sumárias, destruição de câmeras de vigilância das ruas, não utilização de câmeras corporais por policiais de batalhões que deveriam usá-la. Sob o argumento de combater o crime organizado, a SSP tem dado margem para que maus policiais pratiquem todo o tipo de arbitrariedade", afirma a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno.
Na segunda-feira, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que a operação vai continuar, apesar de críticas.
"As pessoas nunca foram lá e não conhecem a realidade", afirmou o secretário, em entrevista à rede Jovem Pan.
Em nota, a SSP disse que as forças de segurança do estado são instituições legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional. As corregedorias estão à disposição para formalizar e apurar toda e qualquer denúncia contra agentes públicos, reafirmando o compromisso com a legalidade, os direitos humanos e a transparência.
Conforme a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), 797 pessoas foram presas desde o início da operação, incluindo 301 procurados pela Justiça, além de mais de meia tonelada de drogas e 86 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito, foram recolhidos.
Entre os mortos, segundo o governo, está o "líder de uma facção criminosa envolvida com o tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, tribunal do crime e atentado contra agentes públicos".
"Todos os casos de mortes em confronto são rigorosamente investigados pela Polícia Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e Poder Judiciário", afirma a secretaria.
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