BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Investigadores apontam que os dois detentos que escaparam da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foram mantidos por membros do Comando Vermelho (CV) do Rio de Janeiro durante a fuga fora da penitenciária.
Segundo investigadores, o CV do Acre, por outro lado, rompeu com os dois detentos ?que foram jurados de morte por parte de Railan Silva dos Santos e Selmir da Silva Almeida Melo, principais lideranças da facção no estado.
Ambos estavam anteriormente na penitenciária federal de Mossoró e, juntamente com outros 21 detentos, foram transferidos para diferentes presídios federais no sábado (2).
A ameaça de morte foi desencadeada por uma suposta traição de Rogério da Silva Mendonça, 36, também conhecido como Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, 34 anos, apelidado de Deisinho ou Tatu. A intenção deles seria assassinar Santos e Melo, mas o plano não teria tido sucesso.
Os investigadores afirmam que a presença de Tatu e Martelo no presídio federal não se deve por serem líderes de facção, mas sim à natureza violenta de suas ações. Ambos estiveram envolvidos em uma rebelião no Acre, resultando na morte de cinco pessoas, com três delas decapitadas.
O CV não possui hierarquia e é classificado pelas autoridades como de mais difícil monitoramento por não ser tão organizado quanto o PCC (Primeiro Comando da Capital) ?nascido na Casa de Custódia de Taubaté (São Paulo), em 1993?, que tem contabilidade de faccionados e até de armas.
Como a Folha de S.Paulo revelou em dezembro, levantamento inédito feito pelo Ministério da Justiça mostra que as duas maiores facções do país têm atuado em 24 estados e no Distrito Federal, com um crescimento mais acentuado do CV.
De acordo com os dados, o CV está presente em presídios de 21 unidades da federação, seis a mais do que no ano anterior. O PCC está em 23, duas a mais do que em 2022. Atualmente, 70 facções criminosas operam nas cadeias.
Apuração da Polícia Federal apontou que o CV está bancando uma rede de apoio destinada a ajudar os dois detentos.
Segundo parte da investigação a que a Folha teve acesso, essa rede auxilia os fugitivos a se manterem em áreas rurais com apoio para alimentação, bebidas, transporte e, possivelmente, armas de fogo.
De acordo com a apuração, os fugitivos estabeleceram contato com membros do CV e familiares por volta das 21h de 16 de fevereiro, horário em que faziam uma família refém na zona rural de Mossoró e tiveram acesso a aparelhos de celular.
Após essa ocasião é que os fugitivos receberam suporte local de um indivíduo residente em Mossoró. A polícia relata que esse homem resgatou os criminosos, conduzindo-os a uma região próxima a Baraúna, última cidade que faz divisa com o Ceará.
Apesar dessa ajuda da facção, investigadores dizem acreditar que nos últimos dias eles passaram a agir sozinhos.
A busca pelos dois detentos completa 22 dias nesta quarta-feira (6) e já supera o tempo de procura por Lázaro Barbosa, cuja fuga da cadeia demandou 20 dias de operação policial, em 2021.
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