SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dois ônibus do transporte público foram incendiados durante a noite de terça-feira (12) em Santos, no litoral de São Paulo. Um motorista ficou ferido. Os ataques ocorreram depois da morte de um suposto líder de uma facção criminosa em Guarujá, também na noite de terça.
A suspeita é de que as ações dos criminosos sejam retaliações à Operação Verão, que contabiliza 43 mortos em supostos confrontos com a PM.
Esse é o segundo dia seguido de ataques a ônibus na cidade. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) explicou que ainda não pode afirmar que os ataques em Santos sejam em retaliação à Operação Verão ou à morte do líder de uma facção, mas que as investigações seguem em andamento.
Os coletivos foram incendiados, por volta das 22h, no ponto final na praça Jerônimo La Terza, na zona noroeste. Criminosos chegaram, atearam fogo nos veículos e fugiram.
O Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) foram acionados.
As chamas foram combatidas pelos próprios motoristas dos ônibus. Um deles, de acordo com a prefeitura, inalou fumaça, teve queimaduras em uma das mãos e foi levado para a Santa Casa. Ele já teve alta.
Por recomendação da PM, segundo a gestão municipal, o transporte público foi suspenso nos bairros Castelo, Rádio Clube, Santa Maria e Ilhéu Alto.
Os pontos finais de 13 linhas de ônibus foram remanejados para a avenida Afonso Schmidt (sambódromo).
Os ataques dessa terça ocorreram depois que um homem de 41 anos, apontado como líder do tráfico de drogas de uma facção criminosa, foi morto em um lanchonete em Guarujá. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), um motociclista chegou e efetuou vários disparos. O suspeito foi levado ao PS São João, mas chegou morto. Um outro homem, de 61 anos, que também estava no local foi atingido. Ele foi socorrido para o Hospital Guarujá e permaneceu internado.
No carro do líder da facção criminosa foram localizados um colete balístico, bebidas e um telefone celular. O caso foi registrado como homicídio e tentativa de homicídio na Delegacia do Guarujá, que solicitou perícia. As investigações estão em andamento para identificar o autor do crime, de acordo com a pasta da segurança.
Foi o segundo dia seguido de ataque a ônibus em Santos. Na noite de segunda (11), outro coletivo havia sido incendiado na rua Engenheiro Manoel Ferramenta Júnior, no bairro Areia Branca. O Corpo de Bombeiros esteve no local e controlou as chamas, ninguém ficou ferido. O motorista do ônibus, de 42 anos, informou que foi abordado por criminosos que obrigaram os passageiros a deixar o veículo. Eles atearam fogo no coletivo e fugiram em seguida.
O prefeito Rogério Santos divulgou um vídeo em que diz que não vai tolerar essas ações na cidade.
"Não vamos tolerar mais esse tipo de situação na cidade de Santos. Basta, chega de violência, chega de crime", afirmou.
"Não toleramos mais esse tipo de crime, esse tipo de abuso de bandidos, covardes, provocando a população santista em resposta ao que as forças de segurança pública vêm fazendo", completou.
A Operação Verão teve início após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, 35, no dia 2 de fevereiro. O policial foi assassinado durante patrulhamento em uma favela de palafitas na periferia de Santos.
A gestão Tarcísio de Freitas declarou que todos os casos de mortes em confronto são rigorosamente investigados pela Polícia Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e Poder Judiciário.
Diante da violência que atinge a região, organizações de direitos humanos denunciaram na ONU as ações da PM no litoral. Na última sexta (8), o governador chegou a dizer "não estar nem aí" para as possíveis denúncias de violações que foram apresentadas para o colegiado internacional.
Após o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, dizer não reconhecer excessos por parte da PM, a Ouvidoria da Polícia disse ter encaminhado para gestão Tarcísio 27 queixas de abusos durante a operação entre janeiro e fevereiro.
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