Rep?rter: S?lvia Zoche
Edi??o: Ludmila Gusman
Designer: L?via Mattos
agosto/2005

Sentir saudade significa que aquela pessoa ? importante. Algu?m que contribui para que sua vida seja realmente especial. Longe ou perto, o momento da lembran?a nos aquece e, quase sempre, faz uma l?grima cair.

Lembrar de um pai que j? se foi, ent?o, n?o ? f?cil, mas ? muito bom poder contar os momentos vividos ao lado dele - mesmo que tenham sido poucos. Um amigo importante e verdadeiro, porque ama, chama a aten??o, mostra as possibilidades do mundo...

Falar de um pai ? fortalecer sua imagem para si mesmo e para quem escuta. Pai de sangue ou de cria??o, o que importa ? o amor que doou sem pedir nada em troca. Neste especial, a ACESSA.com resolveu homenagear os pais ausentes. Est?o ausentes fisicamente, mas vivo no cora??o de cada filho.

Leia os depoimentos:


Christopher Gusman ? t?o especial quanto ele diz que seu pai foi pra ele. Estudante da Associa??o de Pais e Alunos de Excepcionais de Muria? (APAE) ele perdeu o pai h? tr?s anos. Segundo Tofinho, como ? carinhosamente chamado, a lembran?a do professor L?cio Jos? Gusman ? mais forte nas partidas de futebol.

"Toda vez que tem jogo de futebol eu lembro dele, principalmente, quando ? nosso time que est? jogando. N?s dois ?ramos muito amigos! Enquanto ele bebia a cervejinha gelada eu bebia meu refrigerante... Meu companheiro de todos os bons e maus momentos do nosso time. Vibr?vamos pelo gol. Sa?amos em passeata pela pra?a com m?sica alta. Era muito bom".

O "amig?o", "companheiro" e "her?i" s?o alguns dos adjetivos usados por Tofinho para falar do pai. "Papai, apesar de baixinho foi meu ?nico maior her?i", diz emocionado.

Ele lembra que o pai era muito sabido e n?o adiantava mentir que descobria tudo. "Ele sabia tudo, porque ele era professor respeitado e amigo de todos os alunos. N?o podia falar mentira pra ele que ele descobria".

Uma das coisas que Tofinho aprendeu com seu pai foi ser respons?vel, cumprir hor?rio e ajudar as pessoas, sem interesses. Ele diz que deseja ser bom e ?til para todos, assim como seu pai sempre foi.

Todo orgulhoso, conta que as pessoas o admiravam, por ser um professor, que falava em r?dio, sabia v?rias l?nguas e ainda escrevia em jornal. "Ele era muito famoso". E ? claro que como o pai ? seu ?dolo, Tofinho quer ser igual a ele. "Eu quero ser famoso igual a ele por isso gosto do meu bigodinho e fiz minha m?e comprar um ?culos igual do meu pai pra mim. Todo mundo diz que meu irm?o mais velho ? mais parecido com meu pai, mas eu acho que sou eu, porque Pablo n?o tem bigode e nem tem muito cabelo na cabe?a, ele s? usa ?culos", diz.

A curti??o entre os dois n?o era somente no futebol, n?o. Ele conta que quando era pequeno, al?m de jogarem bola, passeavam muito, ?am a festas, pescavam juntos, tomavam banho de rio e, claro, como todo bom garoto, algumas vezes, n?o escutava o pai. "Um dia, quando eu corri, sem tomar cuidado, atr?s de uma pipa, rasguei meu joelho na cerca de arame farpado. Que dor! Meu pai sempre tinha raz?o...".



Assim era o pai de Juliene Rodrigues (foto abaixo de blusa branca, ao lado da irm?), o ferrovi?rio Celso Rodrigues (foto ao lado). Mas qual ? o pai que n?o ? bravo em algum momento da vida?

Agora, aos 27 anos, Juliene conta que perdeu seu pai aos nove anos e deixou a lembran?a de seriedade e responsabilidade. "Meu pai sempre foi muito trabalhador, incentivador. Lembro que me dava muito apoio nos estudos, e sempre falava que, quando aprendemos e ajudamos as pessoas, nos tornamos pessoas especiais, por isso meu pai sempre foi uma pessoa especial".

A lembran?a do pai Celso ? ainda maior quando Juliene est? estudando. Dos v?rios ensinamentos que ele transmitiu, a que Juliene vai colocar em pr?tica por toda sua vida ? a honestidade.

Juliene acha engra?ado quando lembra que o pai chegou do servi?o e a fam?lia estava comemorando o anivers?rio de nove anos dela. "Ele era muito dedicado ? fam?lia, mas n?o gostava de festas. Lembro do meu anivers?rio em que fizemos uma festinha em casa para comemorar. Ele chegou do trabalho e foi dormir. Nem aquela barrulhada toda o acordou. Foi muito engra?ado e olha que o som ficava no quarto", relembra.



Pelas m?os do pr?prio pai Virgilino Gomes Pereira, nasceu Mara Pereira de Mattos. Ela, que ? a ca?ula e tem cinco irm?os homens, conta com emo??o a sua hist?ria com o pai. "Na ocasi?o de meu nascimento, minha m?e n?o quis ficar no hopital. Imagine que ela fugiu e foi pra casa. Come?ou a sentir as dores e n?o dava mais tempo de chamar a parteira. E foi assim que o meu pai me trouxe ao mundo, fazendo o parto. Ele era realmente um homem de m?os aben?oadas", conta.

Ela lembra de seu pai contando as hist?rias da inf?ncia na ro?a, ?rf?o de pai e trabalhando desde os cinco anos de idade. "Ele me ensinou a nunca desistir". Mara se lembra muito do pai quando come algo que sente vontade. "Ele dizia que isto era um prazer da vida".

A filha se acha parecida com o pai tanto fiscamente quanto em personalidade e gostaria muito de ser perseverante como ele. Apesar de s?rio, Mara conta que Virgilino tinha tempo para ensin?-la a andar de bicicleta, contar hist?rias... "Na minha inf?ncia, reun?amos - meus irm?os e eu - ao redor dele, na cozinha, pr?ximo ao fog?o ? lenha. Ele contava as hist?rias e eu adormecia em seu colo", diz.

Outro momento marcante eram os estudos. "Ele dizia 'O saber n?o ocupa lugar'".


Fa?a uma homenagem para seu pai que j? se foi. N?s publicaremos aqui! ? s? mandar um email para redacao@acessa.com


Trinta anos s?o passados desde que voc? se foi; me lembro do nosso ?ltimo encontro naquela manh? fria de junho. ? mesa do caf?, voc? esperava a minha chegada. Eu, ap?s uma noite tumultuada de sonhos estranhos, sonhos que me mostravam uma realidade ainda n?o vivida e que me confundiam ao amanhecer. Oito e trinta da manh? do dia 23 de junho de 1975, levantei-me, lavei o rosto e me dirigi ? sala para mais um caf? da manh?; estranhei sua presen?a a esta hora. J? deveria voc? ter se dirigido ao escrit?rio, no entanto, disse para mim: "estou te esperando". Sentei-me ? mesa, servi meu caf?, voc? me olhou, colocou a m?o no peito, o olhar nos meus olhos... e se foi! Desde ent?o, sua aus?ncia se faz presente todos os dias! Desde ent?o, sem seus conselhos e repremendas, minha vida vai na corda bamba. Conceitos em mim fundados por voc? ainda sobrevivem; que seria de mim sem eles? Sei que sua aus?ncia f?sica ? suprida pela sua presen?a espiritual e ? s? esta certeza que me mant?m viva e sonhadora, como h? trinta anos. ? com a certeza da sua exist?ncia espiritual que lhe desejo agora um FELIZ DIA DOS PAIS.

Amor eterno da filha
Elidia


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