SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Amoxilina, azitromicina e cefalexina estão entre os medicamentos que mais faltam nas farmácias do estado de São Paulo. É o que aponta um levantamento feito pelo CRF (Conselho Regional de Farmácia) com farmacêuticos que trabalham nas redes privada e pública.

A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 30 de julho por meio de um questionário online divulgado no site e nas redes sociais da instituição.

Das 2.272 respostas recebidas, 2.233 foram consideradas válidas. O estudo não permitiu identificar se dois profissionais de uma mesma farmácia ou drogaria responderam as questões.

Atualmente, o estado de São Paulo possui cerca de 80 mil farmacêuticos ativos, segundo o CRF-SP.

Dos 2.233 que responderam a pesquisa, 2.199 disseram enfrentar desabastecimento onde atuam -o equivalente a 98,4%.

A amoxilina apareceu em 1.892 respostas, seguida por azitromicina (1.569) e cefalexina (879). Os farmacêuticos participantes do levantamento apontaram outros 21 medicamentos em falta.

Estão na lista ciprofloxacino, amoxicilina + clavulanato, acetilfuroxima, claritromicina, cefaclor (antimicrobianos); dexclorfeniramina, loratadina, cetirizina, difenidramina, desloratadina, fexofenadina, dexclorfeniramina + betametasona, hidroxizina (anti-histamínicos); dipirona, ibuprofeno, paracetamol, ácido acetilsalicílico (analgésicos); acetilcisteína, bromexina, carbocisteína e ambroxol (mucolíticos).

Segundo o farmacêutico Adriano Falvo, secretário-geral do CRF-SP, era previsível a falta de antibióticos, mucolíticos, expectorantes, anti-histamínicos e analgésicos por serem medicamentos utilizados no tratamento sintomático da Covid-19.

"Nós temos uma finalização do período crítico da Covid e a entrada do inverno, período em que esses medicamentos são mais utilizados. A maior parte dos insumos usados no Brasil para a produção de medicamentos são importados, da China e da Índia principalmente. A guerra na Ucrânia também impactou. A cadeia logística do medicamento ficou comprometida no Brasil e em outros países", afirma Falvo.

Para o especialista, é difícil prever quando o abastecimento será normalizado. "É preciso ter alternativas para suprir a necessidade dos pacientes", diz.

A pesquisa também observa, em separado, os estabelecimentos privados e públicos.

Entre as 1.894 respostas de farmacêuticos que atuam na rede privada, 1.869 (98,6%) apontaram desabastecimento -1.815 (95,8%) afirmaram faltar medicamentos antimicrobianos (95,82%), 1.672 (88,2%) apontaram a falta de mucolíticos, 1.627 (85,9%) de anti-histamínicos, 1.154 (60,9%) de analgésicos e 970 (51,2%) de remédios de outras classes (51,21%).

No levantamento, 175 farmacêuticos trabalham nas farmácias da rede pública. Destes, 170 (97,1%) citaram desabastecimento: 160 (91,4%) apontaram falta de antimicrobianos (91,43%), 136 (77,7%) de anti-histamínicos, 127 (72,5%) de analgésicos (72,57%) e 109 (62,2%) sofrem com a falta de medicamentos de outras classes.

De farmácias da rede pública em unidades gerenciadas em parceria com organizações sociais de saúde, 115 farmacêuticos responderam. Destes, 112 (97,3%) relataram desabastecimento. Entre eles, 100 (86,9%) apontaram falta de antimicrobianos, 74 (64,3%) citaram os anti-histamínicos, 72 (62,6%) sofrem com a falta de medicamentos de outras classes, 63 (54,7%) mencionaram analgésicos e 55 (47,8%) os mucolíticos.

O estudo também contemplou 49 respostas de farmacêuticos que declararam trabalhar em estabelecimentos filantrópicos, beneficentes, mistos e autarquias. Desses, 47 (95,9%) apontaram falta de medicamentos. Para 38 (78,1%) faltam antimicrobianos, 35 (56,2%) citam carência de remédios de outras classes, 31(81,2%) mencionaram os analgésicos, 26 (50%) os anti-histamínicos e 20 (40,6%) os mucolíticos.

Em maio de 2022, o CRF-SP havia feito o mesmo levantamento. Comparado com o atual, não é possível notar alterações significativas no abastecimento de medicamentos -os remédios citados anteriormente aparecem também nos resultados mais novos.

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Levantamento


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