BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) recebeu na tarde deste sábado (20) petição da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que pede ao tribunal a inclusão "de novos endereços de redes sociais pertencentes ao candidato", todos direcionadas especificamente ao público evangélico.

Até esse sábado, a maioria dos perfis não tinha nenhum seguidor ou não estava acessível, indicando terem sido recém-criados.

O Datafolha mostrou na quinta-feira (18) que Jair Bolsonaro (PL) ampliou para 17 pontos percentuais a distância sobre Lula neste segmento, saltando de 43% para 49% das intenções de voto no último mês, contra 32% do petista.

A petição, subscrita por dez advogados da campanha de Lula, lista 12 endereços das redes sociais TikTok, Kwai, Twitter, Facebook e Instagram.

Os perfis não trazem, ainda, porém, descrição detalhada. O do Twitter Restitui Brasil, por exemplo, não tinha nenhum seguidor nem descrição.

Uma página na internet também denominada Restitui Brasil traz material de campanha de Lula direcionado a evangélicos.

"O Evangelho de Jesus é o Evangelho da vida em abundância. Não queremos um Brasil armado! O Brasil já foi uma das maiores nações do mundo, é tempo de restituição", diz um dos textos.

A página tem área para cadastro do internauta, também com questionamento, de preenchimento opcional, de qual igreja ele pertence.

A página aparenta ainda estar em construção. Ela traz também citações bíblicas e material para desmentir ataques de cunho religioso contra Lula: "Pois muitos virão em meu nome, dizendo: 'Eu sou o Messias!' e enganarão a muitos", diz um dos trechos. Em outro: "Será que o Lula é mesmo o verdadeiro inimigo do Povo de Deus?"

Vários dos perfis informados ao TSE são formados pela expressão "evangélicos com Lula".

A assessoria do candidato do PT afirmou que a criação dos perfis foi um pedido de evangélicos alinhados a Lula.

"Alguns setores evangélicos, tanto dos partidos da coligação quanto de fora dele, nos contataram com interesse em atuar junto a comunidades evangélicas na campanha, e para isso ser possível registramos esses sites e perfis no TSE", disse a assessoria.

No primeiro dia oficial de campanha, terça-feira (16), tanto Lula como Bolsonaro acenaram ao eleitorado evangélico e trocaram ataques de teor religioso.

Jair Bolsonaro (PL) sugeriu que, se perder as eleições, as pessoas podem ficar proibidas de falar em Deus. Lula acusou seu adversário de estar "possuído pelo demônio".

Apesar da desvantagem eleitoral no segmento, de ser alvo de variados ataques de cunho religioso nas redes sociais e da petição protocolada no TSE por sua campanha, Lula disse nesta sexta-feira (19) que não fará sua campanha pautada por questões religiosas.

"Questão religiosa não entrará na minha pauta política", disse o petista, após seguidos acenos ao segmento evangélico e um dia após ter dito que a Bíblia tem que ser cumprida.

"Não é a primeira campanha que eu disputo. Nunca utilizei religião na minha campanha. Quando o ser humano vai à igreja ele vai tratar da sua fé e sua espiritualidade, não vai para discutir política. Não participarei disso."

Nos bastidores da campanha, porém --e o pedido ao TSE é uma evidência concreta disso--, há uma preocupação com a ascendência de Bolsonaro sobre o público evangélico. O atual presidente conta com o apoio de importantes líderes dessas igrejas.

Uma das esperanças do PT de recuperação de terreno, nesse grupo, está no ex-presidenciável André Janones (Avante), que tem forte penetração nas redes sociais, incluindo nichos de fora da esquerda tradicional, além de outros aliados.

O pastor Paulo Marcelo Schallenberger, convocado pelo PT para dialogar com o setor evangélico, afirmou, por exemplo, que se reuniu com Geraldo Alckmin, vice de Lula, a pedido da campanha. Ele disse ter sugerido um contra-ataque.

Primeiro, que Lula organize uma conversa nas redes sociais para "desmontar as teses" propagadas contra ele e para que o petista mostre como foi o tratamento dele ao setor evangélico durante os seus governos.

"Há uma narrativa que está sendo espalhada dentro das igrejas de demonizar a figura do ex-presidente Lula. Considero isso o novo kit gay. É preciso que a campanha faça um contra-ataque e um aceno mais direto aos evangélicos", diz o pastor.


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