BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Entre as primeiras decisões da campanha de Jair Bolsonaro (PL) para o segundo turno está a de ampliar a participação da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da senadora eleita Damares Alves (Republicanos).

A avaliação de aliados é a de que as duas podem diminuir a rejeição do atual chefe do Executivo entre uma fatia importante do eleitorado, as mulheres, considerada um dos principais obstáculos à reeleição.

Michelle e Damares, que é pastora, têm boas relações com lideranças evangélicas. Além disso, a deputada federal reeleita Bia Kicis (PL-DF) deve entrar em campo para conversar com eleitoras católicas.

A ideia é que elas passem a viajar pelo país, participando de missas e cultos. A primeira-dama e a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos têm a missão de manter a militância religiosa acesa e impedir que Lula (PT) avance no segmento evangélico, hoje majoritariamente ao lado de Bolsonaro.

No primeiro turno, Lula conquistou 48,4% dos votos, contra 43,23% do chefe do Executivo.

"[Michelle] vai andar pelo Brasil com a Damares. Nos ajuda bastante, até para mostrar que foi impregnada por parte da mídia a ideia de que sou um troglodita que não gosta de mulheres", disse Bolsonaro na terça.

A campanha do presidente já vem usando a primeira-dama para aproximá-lo das mulheres. A avaliação é que é possível avançar na fatia das eleitoras com perfil religioso, muitas vezes mães mais conservadoras.

Michelle já participou da primeira agenda de Bolsonaro após o primeiro turno em uma reunião de pastores da Assembleia de Deus Madureira São Paulo. "A igreja precisa se posicionar", disse ela, na noite de terça.

Bolsonaro também gravou um vídeo para a igreja do pastor Valdemiro Santiago, destacando medidas de seu governo e dizendo ser contrário ao aborto. "Apelo mais uma vez que nos ajudem a vencer esse segundo turno", disse o chefe do Executivo na gravação publicada nas redes sociais da Igreja Mundial.

Em outra frente, a campanha vai investir em parlamentares eleitos nos estados para ajudar Bolsonaro. A articulação política ficou a cargo de dois integrantes do comitê: o coordenador-geral, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).

Na largada do segundo turno, o candidato à reeleição conseguiu amarrar o apoio de governadores dos maiores colégios eleitorais no Sudeste: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Bolsonaro ocupou o noticiário com a oficialização da aliança com Claudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG) e Rodrigo Garcia (PSDB-SP). Castro e Zema foram reeleitos governadores em primeiro turno, enquanto Garcia ficou em terceiro lugar em São Paulo. No maior colégio eleitoral do país, Bolsonaro conta com o palanque de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que terminou o primeiro turno na liderança.

Tanto Nogueira como Flávio atuam em diferentes frentes para tentar fechar acordos regionais. Há um entendimento, segundo aliados, de que a realidade regional e o trabalho dos prefeitos, deputados e governadores poderá garantir mais fidelidade do eleitor do que alianças com partidos.

Há, ainda, a expectativa de que prefeitos aliados atuem mais fortemente no segundo turno em prol de Bolsonaro. A avaliação é a de que, até o momento, eles estavam mais empenhados nas campanhas dos candidatos ao Legislativo. Além do mais, aliados de Bolsonaro também esperam que a expressiva bancada conservadora recém-eleita contribua nos esforços para puxar votos.

A campanha de Bolsonaro convocou uma reunião com senadores eleitos e da base nesta quarta (5), no Alvorada. Depois, terá encontro com deputados eleitos, na quinta (6). A ideia é que cada estado tenha ao menos um parlamentar atuando mais à frente das ações de campanha. Em Minas Gerais, por exemplo, o senador eleito Cleitinho (PSC) e o deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL) devem liderar o trabalho.

A campanha do presidente também considera importante melhorar o desempenho no Nordeste, região majoritariamente petista. O foco, porém, é o Sudeste, onde está concentrada a maior parcela dos eleitores.

Em São Paulo, Bolsonaro posou nesta terça ao lado de Rodrigo, que prometeu "apoio incondicional".

No Sul, Ratinho Jr. (PSD), reeleito em primeiro turno ao governo do Paraná, afirmou que manterá apoio ao presidente. O vencedor na disputa ao Senado, o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), também declarou voto no candidato à reeleição, em um discurso embalado pelo antipetismo. Moro foi ministro da Justiça de Bolsonaro e deixou a Esplanada acusando o chefe do Executivo de tentar interferir na Polícia Federal.

Lula, por sua vez, conquistou a adesão do PDT, com aval tímido do presidenciável derrotado Ciro Gomes, e do Cidadania. Ele também contará com o endosso de Simone Tebet (MDB), terceira colocada no pleito.


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