A realização de uma reunião para discutir a possível implantação de um binário no Bairro São Pedro, realizada na quinta-feira (8) foi a motivação para a realização da última audiência pública de 2022 realizada no plenário da Câmara na tarde desta segunda-feira (12). Durante a sessão, o secretário de Mobilidade Urbana, Marcos Fernando Tadeu, esclareceu que o projeto foi retirado, em função do compromisso assumido pela gestão de buscar a municipalização da BR-440. Representantes do comércio e da população questionaram a falta de participação na iniciativa e direcionaram uma série de queixas sobre o binário proposto.
A audiência foi proposta pelo presidente da Casa Legislativa, Juraci Scheffer (PT), que destacou a necessidade de busca de soluções para o trânsito da Cidade Alta, que hoje tem uma série de gargalos, conforme a reportagem da ACESSA.COM publicou na série de matérias sobre a BR-440.
Segundo Juraci, a reunião foi tratada como decisiva para a implantação do binário na região, que há anos encampa discussões a respeito dos problemas relacionados ao trânsito, em uma área com população estimada em mais de 70 mil moradores.
“Essa situação caótica está dessa forma por conta do crescimento desordenado e sem planejamento ocorrido nas últimas duas décadas. Com loteamentos e mudança no zoneamento sem a realização de estudo de impacto de vizinhança”, avaliou o presidente da casa, que ainda afirmou que, com esse adensamento populacional, os equipamentos ficaram sobrecarregados e, com isso, as Unidades Básicas de Saúde, as escolas e as creches da região não dão conta de atender a toda a demanda, assim como vias deixaram de ser suficientes para transportar tantas pessoas.
O secretário de Mobilidade Urbana Fernando Tadeu David pediu desculpas aos representantes da população da Cidade Alta e do comércio local pela falha na comunicação. Uma vez que o convite para participar da reunião sobre o binário não chegou até eles. Além disso, o titular da pasta ressaltou que as discussões sobre a proposta foram suspensas, porque a prefeita Margarida Salomão (PT) se comprometeu a buscar junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão responsável pela implementação da BR-440, uma intervenção no sentido de minimizar o trânsito caótico da Zona Oeste da cidade, já no dia 2 de janeiro.
“Suspendemos não por conta de algum problema no projeto do binário, mas pela possibilidade de municipalização da BR-440, que é levada em consideração”, pontuou o secretário. Caso essa ideia venha a se concretizar, outras medidas e outras alterações serão necessárias, então é necessário aguardar o diálogo com a nova composição do Governo Federal, para buscar a melhor configuração, para que a população seja atendida em suas necessidades.
Representantes de moradores cobraram uma ampliação do diálogo e demonstraram preocupação com o avanço da ideia do binário, já que enxergam um risco considerável de perda para o comércio local, que já foi radicalmente afetado pela pandemia de Covid-19.
“Pode não só afetar a parte econômica dos comércios, como também pode vir a causar desemprego, a partir do momento em que você tira o fluxo de pessoas do espaço em que o comércio está concentrado. Estamos vindo de dois anos em que tivemos que trabalhar, muitas vezes, só para conseguir nos mantermos vivos e esse pode ser mais um duro golpe”, disse o comerciante Elton Firmino.
Para o morador Geraldelli da Costa Rufino , o mais urgente é discutir o uso integral da BR-440 e, se for necessário, mais adiante verificar a necessidade de outras adequações. “ Não podemos ignorar 5km de via, que foram muito caros. A BR-440 precisa ser usada e melhorar a trafegabilidade.”
Os vereadores Cida Oliveira (PT) e José Márcio Garotinho (PV) lembraram dos problemas e erros na construção da BR-440, que hoje trazem problemas muito graves, como o alagamentos e a invasão das casas pelo esgoto, além dos acidentes causados pela falta de sinalização adequada e direcionamento do tráfego no trecho em que a via foi instalada. Também comentaram impactos negativos para o meio ambiente.
José Márcio salientou que apesar da necessidade de uso da BR-440, a Prefeitura não dispõe de recursos suficientes para finalizar a intervenção. Para ele, é fundamental que o Dnit finalize e entregue todas as obras, para que depois se possa dar um uso municipalizado ao equipamento viário. “Temos cobertor curto, o Dnit tem que entregar pronto, concluído, não temos recursos para fazer. Dnit tem que ter uma solução. Fazemos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) para tudo. Porque não fazemos para isso?”, questionou o vereador.
O vereador Tiago Rocha Bonecão (Cidadania) lembrou de uma reunião realizada há semanas em que um representante do Dnit compareceu e chegou a afirmar que a BR-440 deveria estar fechada, por ainda não estar finalizada e que o Departamento não tem solução para essa obra específica. “Melhor solução é fazer esse ajuste e tentar assumir aquela parte. Se ficarmos esperando, nada virá”, resumiu Bonecão.
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