BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Palácio do Planalto do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será composto, em sua maioria, por petistas de primeira hora, que gozam da confiança do novo mandatário, e com pouca diversidade.

Os principais postos devem ser ocupados por homens brancos e aliados de longa data de Lula.

No novo desenho palaciano, que já pode ser anunciado nesta quinta-feira (22), a Secretaria de Governo deve passar a se chamar Secretaria de Relações Institucionais (SRI), como já foi no passado.

Hoje sob o comando de Célio Faria Jr, o ministério deve manter as atribuições de articulação política e vai para as mãos do deputado Alexandre Padilha (PT), como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

De perfil conciliador e bom trânsito no Congresso, Padilha já esteve à frente da pasta há 14 anos. Ele deve recriar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão. Lançado no primeiro governo Lula, o grupo reunia diferentes setores, como empresários e sindicalistas, para discutir e sugerir medidas para o desenvolvimento do país.

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, André Ceciliano (PT), deve assumir a secretaria de Assuntos Federativos, subordinada a Padilha. Advogado no partido, Vitor Quarenta também deve integrar a equipe da SRI.

A Secretaria de Assuntos Estratégicos também mudará de estrutura. Hoje ocupada por militares e comandada pelo almirante Flávio Rocha, um dos principais conselheiros de Bolsonaro, a SAE deve se tornar uma assessora internacional, vinculada diretamente à Presidência.

O ex-chanceler Celso Amorim é dado como certo no cargo por petistas e aliados. Ele foi ministro de Relações Exteriores nos dois governos de Lula, e conseguiu emplacar o embaixador Mauro Vieira no cargo na próxima gestão.

Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência deve ser o deputado federal Márcio Macedo (PT-SE), tesoureiro da campanha petista. Além disso, ele é hoje vice-presidente do PT.

A pasta tem a função de publicar atos oficiais, funciona como uma espécie de "prefeitura" do Planalto. Está sob o comando de Luiz Eduardo Ramos, general da reserva e amigo de Bolsonaro.

Assim como Lula privilegiou aliados e petistas no seu primeiro escalão, Bolsonaro se cercou de militares. Ramos entrou em 2019, na Secretaria de Governo, e continuou até o final da gestão. Outro auxiliar de primeira hora, o general Augusto Heleno, também seguiu até o fim.

Ele comanda o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que hoje abriga a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e se ocupa da segurança pessoal do chefe do Executivo e de seus familiares.

Ainda na transição, o governo eleito passou a discutir retirar essas duas atribuições do ministério, que há não muito tempo ainda se chamava Casa Militar.

A medida enfrenta resistência de uma ala da equipe do presidente eleito, mas conta com o apoio de importantes petistas e de parte da equipe de segurança de Lula, chefiada pelo delegado Andrei Passos Rodrigues, futuro diretor-geral da PF.

Hoje o principal cotado para o GSI de Lula é o general Gonçalves Dias, mais conhecido como GDias.

Próximo a Lula, ele foi o responsável pela segurança do petista em seus dois mandatos na Presidência e chefiou a Coordenadoria de Segurança Institucional no início do governo Dilma.

GDias foi para a reserva do Exército em 2012, mas mantém uma boa relação com militares que hoje estão na cúpula da Força Terrestre.

A Secretaria de Comunicação da Presidência, um dos principais focos de crise do governo atual, hoje é controlada por integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal. Deve passar, segundo petistas, para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

Ainda que os nomes devam ser oficializados nos próximos dias, apenas um foi nomeado publicado por Lula no Planalto: o governador da Bahia, Rui Costa (PT), na Casa Civil. A pasta é uma das principais do governo, por coordenar as ações dos ministérios. Pela centralidade, seu ocupante é considerado braço direito do presidente.

Costa já começou, desde o anúncio, a despachar no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do gabinete de transição.

Ele terá como nº2 no ministério a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior, que já chegou a ser cotada para integrar o primeiro escalão do terceiro mandato de Lula.

O governo eleito tem sido alvo de críticas por ter pouca diversidade nos nomes anunciados até o momento. Na coletiva de imprensa em que informou sua primeira leva de ministros, o petista até reconheceu isso, ao se antecipar a questionamentos de jornalistas sobre o tema e prometer uma Esplanada com "a cara da sociedade".

"Vai ter outros ministérios. E vocês vão ver que a gente vai colocar muita gente pra participar. Vai ter mulher, homem, negros, índios, vamos tentar montar um governo que seja a cara da sociedade brasileira, em sua total plenitude. Não se preocupe com isso", disse a jornalistas no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil).

Na ocasião, anunciou Flávio Dino para a Justiça, Rui Costa para a Casa Civil, Fernando Haddad para a Fazenda, José Múcio Monteiro para a Defesa, e Mauro Vieira para o Itamaraty.

A Casa Civil de Rui Costa contará com uma nova estrutura, mais robusta. A expectativa é de que esteja sob a pasta o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), hoje sob a Economia.

Além disso, a Subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ) ficará também no ministério de Costa. O nome mais cotado hoje para ocupá-la é o de Jean Uema, analista do STF (Supremo Tribunal Federal).


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