SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os 94 deputados estaduais eleitos em 2022 tomaram posse na tarde desta quarta-feira (15) em sessão solene na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Pela última vez, a posse no estado ocorre com atraso em relação ao restante do país --a partir de 2027, a nova legislatura começa com as demais Casas Legislativas, em 1º de fevereiro.
Em 2022, o índice de renovação da Assembleia, de 41,5%, ficou abaixo de anos anteriores -foram reeleitos 55 deputados e 39 não têm mandato na Casa. O pleito de 2018 elegeu 50 novos deputados, por exemplo.
Como mostrou a Folha, a 20ª legislatura terá um novo establishment, oposição numerosa e recorde de mulheres e negros. Após 30 anos de domínio do PSDB no comando da Alesp, a presidência da Casa deve ficar com André do Prado, do PL, partido que elegeu mais deputados.
O alinhamento entre a Assembleia e o Palácio dos Bandeirantes, contudo, deve permanecer, já que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem mais de 60 deputados em sua base de apoio. A principal bandeira do governo, a privatização da Sabesp, precisa do aval do plenário para avançar.
Assim como o PL de Jair Bolsonaro, o PT de Lula também teve bom resultado e formou a segunda maior bancada, o que fortaleceu a oposição. No total, a bancada da esquerda, que inclui PSOL, Rede e PC do B, soma 25 deputados -não chegava a 20 na legislatura passada.
Após uma legislatura marcada pela violência de gênero e pelo caso de assédio a Isa Penna (PC do B), a Assembleia terá um recorde de mulheres -serão 25 deputadas (26,6% da Casa). Em 2018, 18 foram eleitas.
A nova Alesp também tem o maior número de negros e pardos eleitos desde que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) começou a coletar dados de autodeclaração étnico-racial: foram 7 em 2014, 10 em 2018 e 18 em 2022.
O deputado mais votado da legislatura que se inicia é o veterano Eduardo Suplicy (PT), que volta à Casa onde exerceu seu primeiro mandato, em 1979. Com 807 mil eleitores, ele terá a renda mínima como obsessão e promete oposição civilizada a Tarcísio.
O posto era até agora ocupado pela recordista de votos Janaina Paschoal (PRTB), que teve mais de 2 milhões de eleitores e agora deixa a Alesp enxovalhada por esquerda e direita. Derrotada na eleição para o Senado, a professora não descarta voltar a concorrer.
Tarcísio foi à cerimônia acompanhado do vice Felício Ramuth (PSD), e de secretários, incluindo o de Governo, Gilberto Kassab (PSD), que vai ser responsável pela articulação com a Alesp. Também estavam presentes o deputado federal Ricardo Salles (PL) e prefeitos.
Deputado federal Capitão Augusto (PL-SP), representando o presidente da Câmara Arthur Lira (PL-AL), também compareceu.
Acompanhados de familiares, os deputados lotaram o plenário em clima de confraternização, com trocas de abraços e sorrisos --independentemente dos partidos.
Na posse, cada deputado foi chamado ao microfone para responder "Assim o prometo" ao juramento. Um dos mais aplaudidos foi André do Prado, que em seguida deve ser eleito o próximo presidente da Casa. Outro que esteve entre os mais aplaudidos foi Suplicy.
Ediane Maria (PSOL), ao assumir, acrescentou "pela luta das empregadas domésticas, assim eu prometo". Mônica Seixas, do mesmo partido, incluiu um protesto pela Sabesp pública, em frente ao governador Tarcísio, que pretende privatizar a estatal.
Tomé Abduch (Republicanos), por outro lado, homenageou o governador em seu juramento.
Alguns deputados usaram seu tempo ao microfone para fazer protestos. Ediane Maria (PSOL) mencionou as empregadas domésticas e Mônica Seixas (PSOL) tomou posse pelo "povo preto, pelas mulheres, pela Sabesp pública, pelos indígenas, pelo LGBTQIA+".
Tomé Abduch (Republicanos) fez o juramento "pela família, por principios e valores e por apoio ao nosso governador", mencionando Tarcísio. Letícia Aguiar (PL) mencionou Deus.
Na plateia, após os juramentos, houve um grito questionando "quem mandou matar Marielle". Paula da Bancada Feminista (PSOL) também mencionou Marielle Franco e declarou "sem paz para a extrema direita".
QUEM SÃO OS 94 DEPUTADOS ESTADUAIS
Eduardo Suplicy (PT) - 807.015 votos
Carlos Giannazi (PSOL) - 276.811 votos
Paula da Bancada Feminista (PSOL) - 259.771 votos
Bruno Zambelli (PL) - 235.305 votos
Major Mecca (PL) - 224.462 votos
Tomé Abduch (Republicanos) - 221.656 votos
André do Prado (PL) - 216.268 votos
Tenente Coimbra (PL) - 209.705 votos
Delegado Olim (Progressistas) - 201.348 votos
Ana Carolina Serra (Cidadania) - 198.698 votos
Milton Leite Filho (União Brasil) - 198.429 votos
Gil Diniz (PL) - 196.215 votos
Bruna Furlan (PSDB) - 195.436 votos
Capitão Conte Lopes (PL) - 192.454 votos
Itamar Borges (MDB) - 183.480 votos
Marcos Damasio (PL) - 183.219 votos
Carlos Cezar (PL) - 180.690 votos
Carla Morando (PSDB) - 177.773 votos
Jorge Wilson Xerife Consumidor (Republicanos) - 177.614 votos
Ediane Maria (PSOL) - 175.617 votos
Marta Costa (PSD) - 170.541 votos
Emídio de Souza (PT) - 157.834 votos
Professora Bebel (PT) - 155.983 votos
Guto Zacarias (União Brasil) - 152.481 votos
Gerson Pessoa (Podemos) - 143.704 votos
Enio Tatto (PT) - 142.785 votos
Luiz Fernando (PT) - 141.017 votos
Rogério Nogueira (PSDB) - 139.756 votos
Oseias de Madureira (PSD) - 137.205 votos
Valeria Bolsonaro (PL) - 131.557 votos
Lucas Bove (PL) - 130.451 votos
Edmir Chedid (União Brasil) - 129.097 votos
Thiago Auricchio (PL) - 123.483 votos
Vinicius Camarinha (PSDB) - 123.316 votos
Maurici (PT) - 121.455 votos
Rafael Silva (PSD) - 118.182 votos
Paulo Fiorilo (PT) - 110.251 votos
Reis (PT) - 108.726 votos
Marcia Lia (PT) - 108.587 votos
Barba (PT) 108.07 votos
Monica do Movimento Pretas (PSOL) - 106.781 votos
Carlão Pignatari (PSDB) - 105.245 votos
Caio França (PSB) - 105.173 votos
Sebastião Santos (Republicanos) - 104.374 votos
Altair Moraes (Republicanos) - 98.515 votos
Rafael Saraiva (União Brasil) - 98.070 votos
Gilmaci Santos (Republicanos) - 96.361 votos
Agente Federal Danilo Balas (PL) - 94.552 votos
Rui Alves (Republicanos) - 91.717 votos
Thainara Faria (PT) - 91.388 votos
Leo Siqueira (NOVO) - 90.688 votos
Ricardo Madalena (PL) - 90.630 votos
Leci Brandão (PCdoB) - 90.496 votos
Felipe Franco (União Brasil) - 90.440 votos
Analice Fernandes (PSDB) - 90.135 votos
Andréa Werner (PSB) - 88.820 votos
Donato (PT) - 88.022 votos
Barros Munhoz (PSDB) - 86.372 votos
Paulo Mansur (PL) - 86.201 votos
Marina Helou (Rede) - 85.517 votos
Marcio Nakashima (PDT) - 85.195 votos
Capitão Telhada (Progressistas) - 83.438 votos
Edna Macedo (Republicanos) - 82.932 votos
Caruso (MDB) - 82.209 votos
Leo Oliveira (MDB) - 82.145 votos
Dr. Jorge do Carmo (PT) - 82.054 votos
Solange Freitas (União Brasil) - 81.870 votos
Daniel Soares (União Brasil) - 81.753 votos
Dani Alonso (PL) - 80.337 votos
Ana Perugini (PT) - 79.061 votos
Mauro Bragato (PSDB) - 78.142 votos
Helinho Zanatta (PSC) - 77.550 votos
Rafa Zimbaldi (CID) - 76.910 votos
Rogério Santos (MDB) - 76.602 votos
Rodrigo Moraes (PL) - 75.094 votos
Rômulo Fernandes (PT) - 75.033 votos
Alex de Madureira (PL) - 74.340 votos
Luiz Claudio Marcolino (PT) - 70.487 votos
Delegada Graciela (PL) - 68.955 votos
Letícia Aguiar (Progressistas) - 68.556 votos
Maria Lucia Amary (PSDB) - 66.956 votos
Fabiana B. (PL) - 65.497 votos
Beth Sahão (PT) - 65.407 votos
Ricardo França (Podemos) - 64.175 votos
Paulo Corrêa Jr (PSD) - 62.239 votos
Simão Pedro (PT) - 59.785 votos
Clarice Ganem (Podemos) - 59.342 votos
Edson Giriboni (União Brasil) - 59.087 votos
Atila Jacomussi (Solidariedade) - 58.707 votos
Vitão do Cachorrão (Republicanos) - 56.729 votos
Dr Eduardo Nóbrega (Podemos) - 53.607 votos
Dr Valdomiro Lopes (PSB) - 50.824 votos
Dr. Elton (PSC) - 46.042 votos
Guilherme Cortez (PSOL) - 45.094 votos
PARA QUE SERVE A ALESP?
Além de sediar um Poupatempo, abrigar o velório de personalidades em seu hall monumental ?como Ayrton Senna (1994), Gugu Liberato (2019) e Gal Costa (2022)? e oferecer seu estacionamento de mais de 700 vagas para frequentadores do parque Ibirapuera aos fins de semana, a Casa é responsável por determinar o Orçamento anual do estado, fiscalizar o Poder Executivo e julgar as contas do governador.
O QUE É ATRIBUIÇÃO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO
- Determinar o Orçamento anual
- Julgar as contas do governador, da própria Alesp e do Judiciário paulista
- Aprovar privatizações e concessões de bens e empresas estaduais
- Fiscalizar o Poder Executivo
- Criar, revogar e modificar leis do estado, como as que dispõem sobre os impostos estaduais
- Aumentar os salários dos deputados e do governador
Segundo maior Parlamento do país em número de deputados, a Assembleia tem um orçamento de R$ 1,5 bilhão. Com um salário de R$ 31,2 mil a partir de abril, os deputados estaduais têm direito a auxílio-moradia, carro e despesas de gabinete de até R$ 43,7 mil por mês. Já a estrutura da Alesp conta com 3.300 servidores ?em sua maioria, indicações políticas.
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