BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A direção da Polícia Federal afastou do cargo o agente Danilo César Campetti, que participou da prisão do presidente Lula (PT) em 2019 no âmbito da operação Lava Jato.

Campetti é apoiador de Jair Bolsonaro (PL), foi assessor em dois ministérios durante o governo do ex-presidente e tentou, sem sucesso, ser deputado estadual nas eleições do ano passado.

Além da detenção do petista, ele também foi um dos policiais que trabalhou na condução coercitiva de Lula e da ida dele ao velório do neto, em 2019, enquanto estava preso.

Neste ano, Campetti trabalhou na Secretaria de Segurança no governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo. Antes, ele tinha trabalhado com o governador no Ministério da Infraestrutura.

Em junho, o Ministério da Justiça retirou o agente do posto que ocupava e o transferiu para São José dos Campos sob o argumento de que o efetivo da PF no local estava baixo.

Agora, a direção, conforme publicação interna decidiu "suspender preventivamente e afastar do exercício do cargo até decisão final do processo administrativo disciplinar" o agente.

Questionada, a PF afirmou que não irá passar nenhuma informação sobre o caso e não respondeu qual o teor do procedimento que corre contra Campetti.

O agente também foi alvo de processo da Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo, que pediu que Tarcísio seja multado sob acusação de que o policial federal Danilo César Campetti atuou em sua campanha eleitoral, o que é proibido.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, Campetti acompanhava o então candidato e integrava sua equipe de segurança no dia 17 de outubro, quando um tiroteio em Paraisópolis interrompeu a campanha de Tarcísio.

Segundo o Ministério Público Eleitoral, há prova de que Campetti empregou seus instrumentos de trabalho (arma e distintivo) em benefício de Tarcísio, o que é proibido. A lei eleitoral, buscando equilíbrio entre os candidatos, veda que agentes, serviços e recursos públicos sejam utilizados para beneficiar algum postulante.

"A ação demonstra que a chapa fez uso de bens móveis públicos e de serviços prestados pelo servidor público Danilo César Campetti, em ato de campanha em 17 de outubro de 2022. O servidor utilizou indevidamente sua arma e distintivo oficial na ocasião, bens móveis pertencentes ao órgão público ao qual está vinculado (Polícia Federal)", afirma a assessoria da procuradoria em nota.

Em nota publicada na época, a assessoria do Governo de São Paulo afirmou que Campetti estava de folga no dia 17 de outubro.

"Campetti inclusive já respondeu a processo similar estabelecido pela Corregedoria da Polícia Federal, tendo sido a ação arquivada após apresentação da sua escala de trabalho. Os questionamentos colocados na ação serão respondidos dentro do prazo previsto em lei", afirmou a assessoria a respeito da representação da procuradoria.

O próprio Ministério Público afirma na ação que a participação de Campetti na campanha não é um fato relevante o suficiente para provocar uma diferença de votos a favor de Tarcísio e, por isso, não cabe pedir a cassação de seu diploma de eleito, apenas aplicar uma multa.


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