RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Ações recentes contra militares e a reforma ministerial do presidente Lula (PT) embaralharam o cenário eleitoral da oposição à direita do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Pré-candidatos ainda sem viabilidade se movimentam a fim de cacifar o nome para o ano que vem.
O general Walter Braga Netto (PL), defendido por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e o deputado federal dr. Luizinho (PP), escolhido pelo governador Cláudio Castro (PL), ainda são apontados como os nomes mais fortes capazes de reunir alianças. Os movimentos nacionais recentes, porém, reduziram a força das pré-candidaturas.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ) e os deputados Rodrigo Amorim (PTB-RJ) e Otoni de Paula (MDB-RJ) são os que já deixaram pública a intenção de disputar o cargo. Outros ainda se movimentam nos bastidores.
"Eu, Otoni e Portinho estamos tendo um diálogo muito cordial. É necessário entender como fazer a oposição a Eduardo Paes. A nossa dúvida é qual o melhor volume de candidatura para isso. O que não podemos permitir é que o segundo turno seja a esquerda contra a esquerda", disse Amorim.
O deputado se refere a um possível segundo turno entre Paes (a quem ele descreve como de esquerda, em razão do apoio de Lula) e o deputado Tarcísio Motta (PSOL), escolhido como pré-candidato em disputa interna da sigla.
Braga Netto vinha acumulando desgastes após a série de ações contra militares no âmbito do inquérito das milícias digitais, que mira os ataques às instituições, a tentativa de golpe e o caso das joias, entre outros casos.
As dúvidas sobre a disposição do general de se expor numa disputa eleitoral aumentaram após a homologação do acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Elas se intensificaram na terça-feira (12) com a deflagração da Operação Perfídia, que investiga suposta fraude em licitação do Gabinete de Intervenção Federal, comandado por Braga Netto em 2018 e apontado como um dos possíveis ativos eleitorais do oficial da reserva.
Dr. Luizinho, por sua vez, deixou a Secretaria de Saúde da gestão Castro para assumir a liderança do PP, vaga desde a nomeação do deputado André Fufuca (PP) para o Ministério dos Esportes. A saída também tem sido vista com uma forma de se afastar das investigações sobre irregularidades na pasta, reveladas pela TV Globo.
Dentro do próprio PL, congressistas vêm se movimentando para ganhar espaço. Portinho ensaiou uma aproximação com o Novo para garantir a pré-candidatura, mas agora espera a definição do general para tentar ganhar espaço.
O PL também pretende testar em pesquisas internas os nomes dos deputados Eduardo Pazuello, ex-ministro de Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na gestão passada. O primeiro, porém, também sofre desgastes com os avanços sobre os militares.
Amorim tem tentado ocupar o vácuo na oposição local a Eduardo Paes. Ele tem focado sua atuação parlamentar na crítica ao que considera falhas na ordem pública da cidade.
Ele integra a Comissão Especial de Combate à Desordem Urbana na Assembleia Legislativa e, recentemente, ocupou o púlpito da Câmara Municipal para confrontar o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale (PSD).
Amorim tem o apoio do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (PL), que provocou uma crise no PL-RJ no início do ano ao destinar ao aliado do PTB a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mais importante da Casa. Os dois articulam uma migração para a União Brasil, por onde pretendem fortalecer a pré-candidatura.
Otoni de Paula conseguiu ser anunciado como pré-candidato do MDB-RJ. Dentro do partido, porém, a definição só ocorrerá em fevereiro do ano que vem.
Para aliados de Cláudio Castro, o retorno de dr. Luizinho à Brasília exige a criação de opções para o governador participar da disputa municipal da capital.
Uma das aventadas é do ex-deputado Índio da Costa. Apesar de filiado à União Brasil, ele está distante da política local e tem pouca viabilidade entre aliados.
Dentro do PP, o deputado Marcelo Queiroz observa os movimentos da oposição para avaliar se entra na disputa. Internamente, ele apresenta como argumento o fato de ter sido o deputado da sigla mais votado na capital. Ele conta com a simpatia do ex-governador Sérgio Cabral.
A equipe de Castro também não descarta uma possível adesão à reeleição de Paes. O movimento, brusco em relação à aliança com Bolsonaro no ano passado, dependeria de acordo bem desenhado em torno de aliança para o pleito de 2026, quando o governador pretende disputar o Senado.
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