BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta sexta-feira (22) que havia muita gente dentro das Forças Armadas que "não desejava sair do poder", após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais do ano passado.
A fala do ministro aconteceu na entrada do Ministério da Defesa. Múcio foi questionado sobre a postura em particular do ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos.
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid ampliou a pressão sobre as Forças Armadas nesta semana ao dizer, em delação à Polícia Federal, que o então presidente submeteu a militares de alta patente uma minuta de decreto para dar um golpe de Estado após o segundo turno das eleições de 2022.
A informação, divulgada nesta quinta-feira (21) pelo UOL e pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha de S.Paulo, levou desgaste à instituição ao colocar antigos chefes no centro das apurações.
Segundo o UOL, o almirante Garnier teria apresentado disposição a participar do golpe --que envolvia a convocação de novas eleições e prisão de adversários.
Múcio relatou que, já indicado que seria o ministro do governo Lula, buscou contato com os comandantes militares, mas não foi recebido por nenhum deles. Então entrou em contato com Jair Bolsonaro, de quem havia sido colega na Câmara dos Deputados. Após telefonema do então mandatário, alguns então decidiram recebê-lo.
"Ele não me recebeu, eu percebia. Os outros comandantes me receberam. Não sei se ele tinha aspirações golpistas, mas a gente via, os jornais falavam, era outro governo, outros comandantes, outro presidente da República", afirmou Múcio, aos jornalistas.
"Na realidade a gente percebia que muita gente não desejava sair do poder, largar o poder. Mas, dia 1º de janeiro, as Forças Armadas garantiram a posse do presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] e estamos vivendo a nossa plenitude democrática", completou.
Mais cedo, em entrevista ao site da revista Veja, Múcio voltou a tratar de sua relação com o ex-comandante. Disse que só veio a conhecê-lo no dia 5 de janeiro, na casa do novo comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen.
Disse então que Garnier poderia querer uma ruptura democrática, para impedir a posse de Lula. No entanto, a Manha como um tudo não desejava esse rumo.
"Essa questão do golpe, eu acho que eram questões isoladas. Podia o Garnier querer, mas a Marinha não queria. O [ex-comandante do Exército Marco Antônio] Freire Gomes eu não sei se queria, não senti nenhuma tendência nele disso e nem no [ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida] Baptista Júnior. Podem ter participado de reunião porque o presidente da República os convocava", afirmou.
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