BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) disse nesta sexta-feira (27) que não negocia com o centrão, mas com partidos políticos, e reconheceu que fez acordos com PP e Republicanos.
Ele afirmou que é direito dos partidos reivindicar o comando da Caixa Econômica Federal. A declaração foi dada durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, e ocorre na semana da demissão de Rita Serrano do comando da Caixa Econômica Federal para abrigar Carlos Antônio Vieira Fernandes, um nome sugerido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
"Eu fiz um acordo com o PP, com Republicanos, acho que é direito deles, que gostariam de ter espaço com governo, indicar uma pessoa que esteve na Caixa, já foi da Caixa, já teve no governo da Dilma, já foi do Ministério das Cidades, uma pessoa que tem currículo para isso. E eles [os partidos] juntos têm mais de 100 votos, eu precisava desses votos para continuar o governo", disse Lula.
Lula também disse que precisa dos votos destes partidos para governar. Ainda afirmou que é "possivelmente" culpado pela rejeição no Senado do nome de Igor Roque para o comando DPU (Defensoria Pública da União).
"Eu não fiz negociação com o centrão, eu não converso com o centrão, vocês nunca me viram fazer reunião com o centrão. Eu só que converso com partidos políticos que estão aí legalizados, que elegeram bancadas, e que portanto com eles que eu tenho que conversar, para estabelecer um acordo", disse o presidente.
Nas horas seguintes à demissão de Rita Serrano, a Câmara destravou a votação da proposta de taxação de offshores e de fundos de super-ricos com amplo apoio do centrão.
O texto, que se arrastou nas últimas semanas em meio à pressão do grupo para conseguir mais espaço no governo, foi aprovado por 323 votos a 119.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, em setembro, Lira afirmou que o comando da Caixa fazia parte do acordo para a entrada do centrão no governo.
Após a entrevista, integrantes do governo, como o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) negaram que o banco estivesse incluído.
"O fato de não ter aprovado o Igor para a DPU, possivelmente eu tenha culpa. Eu estava hospitalizado, eu não pude conversar com ninguém a respeito dele, não pude sequer avaliar se ele fosse ser votado ou não. Lamento profundamente, eu não sei com quantos senadores ele conversou, se conversou com líderes do governo", afirmou Lula sobre a indicação à Defensoria.
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