BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre Padilha disse nesta quarta-feira (28) que quem assinou o pedido de impeachment do presidente Lula (PT) não quer participar do governo, mas que ainda aguarda a lista de nomes para discutir "providências".
A declaração foi dada a jornalistas no Palácio do Planalto. Na semana passada, deputados bolsonaristas passaram a colher apoiamentos para o pedido de impeachment do presidente, por ele ter comparado as mortes na Faixa de Gaza ao Holocausto.
"Se um parlamentar assina um negócio como esse, alguém está dizendo que não quer participar desse governo. O que não significa que não possa mudar a posição dele", disse Padilha.
"Agora não vai ter nenhum tipo de discriminação sobre a execução orçamentária", completou.
"Na medida em que nos apresentar nessa lista, vamos ver quais providências devem ser tomadas", afirmou ainda, sem especificar o que seriam providências.
O ministro também se comprometeu em recompor os R$ 5,6 bilhões de emendas parlamentares que foram cortadas do orçamento e geraram crise no Congresso, mas só em março. O governo vai reavaliar o caixa do ano em 22 de março.
As declarações foram feitas depois de reunião com líderes, com o relator-geral do orçamento, deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), e o ministro Rui Costa (Casa Civil). Padilha anunciou ainda que o governo iniciou uma força-tarefa para pagar R$ 1 bilhão de restos a pagar de emendas ao longo de março.
"Nós já havíamos solicitado na semana passada pro relator geral pra ele trazer o relatório. O primeiro [relatório] dava R$ 11 bi, temos registrado também no CMO, para que faça desenho, que quando a gente puder discutir a reorganização do orçamento, depois de 22 de março, você recupere exatamente o que foi apresentado por ele."
Como a Folha de S.Paulo mostrou, membros do governo federal afirmaram a parlamentares da Câmara dos Deputados que aqueles que assinaram o pedido de impeachment irão sofrer consequências do Executivo.
A informação foi dada pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a líderes da base do governo em reunião na terça-feira (27).
O entendimento foi o de que deputados que assinaram o pedido e indicaram cargos regionais perderão esses postos, bem como serão menos atendidos pelo Executivo, o que contempla emendas parlamentares.
"Quem assinou o impeachment do presidente está dizendo claramente que não está na base. Portanto, se tinha algum tipo de espaço no governo, tem que perder. Afinal de contas, essa contradição não pode continuar. Quem assinou tem que decidir de que lado está: ao lado de Lula ou contra", diz o deputado Alencar Santana (PT-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara.
A ofensiva do Executivo para desmobilizar o pedido ocorre dias depois de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter liderado uma manifestação que reuniu milhares de pessoas na avenida Paulista. Auxiliares de Lula passaram a segunda (26) tentando desviar o foco do ato bolsonarista, mas reconheceram que o ex-presidente conseguiu reunir aliados políticos de peso.
A declaração de Lula dias antes comparando a ofensiva militar israelense ao Holocausto foi incorporada pelos bolsonaristas para colocar a defesa de Israel como um dos motes do ato. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse em seu discurso na Paulista que Bolsonaro foi um presidente "que sempre respeitou Israel e a luta de seu povo", no que foi lido como uma estocada em Lula.
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