RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), exonerou nesta segunda-feira (4) o seu vice, Thiago Pampolha (MDB), da Secretaria do Ambiente, expondo a crise gerada no governo após a troca de partido do antigo aliado.

O governador comunicou ao vice que ele poderia ser acomodado em alguma das duas pastas sob indicação do MDB, seu novo partido. A nomeação anterior era vista como uma cota pessoal de Castro, status perdido pelo antigo aliado.

Pampolha entrou na mira após trocar a União Brasil pelo MDB no início do ano. A mudança de partido do vice já era prevista, mas o momento em que ela foi feita gerou mal-estar no Palácio Guanabara. A migração ocorreu semanas depois de o STJ (Superior Tribunal de Justiça) avançar nas investigações contra Castro.

Também foi mal visto o fato de os principais articuladores da mudança serem membros da ala do MDB mais próxima ao presidente Lula, como o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Castro é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para o lugar de Pampolha, Castro escolheu Bernardo Rossi (Solidariedade), que ocupava a Secretaria de Governo. O ex-deputado André Moura vai ocupar essa pasta, acumulando a chefia da representação do governo em Brasília que já exerce.

A movimentação de Pampolha teve como pano de fundo a disputa ao governo. O vice tem a expectativa de estar no comando do Palácio Guanabara durante as eleições de 2026, tendo em vista que Castro almeja se candidatar ao Senado, o que o obrigaria a renunciar em março daquele ano.

O vice-governador, porém, temia não ter espaço na União Brasil, que ficará nas mãos do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar --que está de mudança do PL e visto como um potencial candidato.

Em reação, Bacellar apresentou ao governador a opção de não deixar o cargo em 2026, tendo como garantia uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.

Pampolha se filiou em fevereiro em ato sem a presença de Castro, indicando o distanciamento entre os dois. Ele tentou minimizar a crise, afirmando existir apenas a intenção de "pessoas que querem criar atrito onde não existe".

Os dois se encontraram no camarote do governo na Sapucaí e divulgaram fotos juntos a fim de demonstrar o fim da crise, mas a festa não foi o suficiente para aparar as desconfianças sobre a movimentação.

Em 2022, Pampolha foi escolhido vice já durante a campanha eleitoral, após o ex-deputado Washington Reis, do MDB, ser vetado pela Justiça Eleitoral em razão da Lei da Ficha Limpa.

Com atuação discreta, ele vinha sendo apontado por Castro como sucessor natural. Contudo, a possível pretensão de Bacellar, aliado do governador, em disputar o cargo sempre gerou dúvidas no vice sobre o real apoio para a empreitada.

O governador, por sua vez, enfrenta delicado momento político após o STJ autorizar a quebra de seus sigilos bancários, fiscais e telemáticos e buscas contra três nomes de sua confiança, entre eles o irmão de criação Vinicius Sarciá. O inquérito trata de possíveis fraudes em programas assistenciais do estado. Castro sempre negou ter cometido qualquer irregularidade.


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