BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - De volta à cena política e à atividade partidária, o ex-ministro José Dirceu foi festejado por petistas na noite de quarta-feira (20), durante a celebração do 44º aniversário do PT em Brasília.

Acomodado ao lado do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, Dirceu ouviu militantes, conversou com parlamentares e posou para fotos. Sua mesa foi cercada por correligionários por toda a noite.

Do outro lado do salão, o presidente Lula ?a atração principal do evento de arrecadação? jantou em um cercadinho delimitado por uma faixa vermelha e sob o olhar dos seguranças.

Um show da cantora Teresa Cristina foi a atração principal da festa, regada a uísque, vinho e espumante.

Pouco antes do jantar, Lula fez um breve discurso em um palco em que estavam as principais figuras da cúpula do partido.

Ele criticou possibilidade de o ex-jogador Daniel Alves obter liberdade condicional mediante pagamento de fiança.

"Apreendi lá em Pernambuco que as pessoas diziam 'aqui no Nordeste quem tem 20 contos de réis não é preso'. Essa máxima continua", disse Lula.

Ao final, o petista apagou a vela de um bolo, enquanto a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, puxava um coro com palavras de ordem.

Na mesa do presidente estavam, além de Janja, a cantora Maria Rita, Flora Gil e o coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio Carvalho, acompanhado de sua esposa.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, acabou acomodada em uma mesa improvisada ao lado da ocupada por Lula.

Nísia tem sido alvo de queixas do centrão e, em reunião ministerial na segunda (18), foi alvo de cobranças do próprio Lula em razão de problemas na área. Com Nísia, estavam as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Margareth Menezes (Cultura). O secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo, juntou-se ao grupo.

Os dirigentes do partido e ministros ocuparam outras mesas, também dentro do cercadinho.

Acompanhado da filha, Dirceu foi ao encontro do presidente. Mas, quando chegou, Lula tinha acabado de deixar o salão. O presidente foi conduzido a uma sala reservada, longe do alcance dos convidados, onde ficou por cerca de 45 minutos.

Lula chegou à festa por volta das 21h30 e deixou o salão pouco antes das 23h.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não compareceu ao jantar por estar dedicado a agendas do Congresso. O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) foi ao evento, mas optou por uma mesa ao fundo do salão. Foi embora cedo, alegando cansaço.

A configuração do salão foi interpretada por petistas como uma prévia da disputa pelo comando do PT no ano que vem, quando Dirceu deverá atuar pela renovação da cúpula do partido.

Na semana passada, a atual presidente, Gleisi Hoffmann (PR), não compareceu à festa de aniversário de Dirceu. O ex-ministro defende publicamente a gestão de Haddad contra críticas expressas em documentos pela cúpula do partido.

Nesse cenário, o nome do prefeito de Araraquara, Edinho Silva, é citado como alternativa capaz de unificar o partido e contar com o aval do próprio Lula.

Edinho não estava no jantar de quarta. Tampouco havia muitos representantes de demais partidos da base governistas. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o deputado Guilherme Boulos (PSOL) foram algumas das exceções.

Organizadores alegam que aquela era uma festa para arrecadação de recursos e confraternização entre petistas. Foram vendidos mil convites, a preços fixados em R$ 350, R$ 5.000 e R$ 20 mil (a reportagem pagou o de R$ 350).

Em seu discurso, Lula afirmou que aquela era uma oportunidade de os companheiros se abraçarem. Mas quem não conseguiu chegar ao presidente pôde tirar fotos ao lado de imagens de Lula em tamanho real que estavam distribuídas pelo espaço.


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