BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) visitou, nesta terça-feira (9), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde o ex-mandatário está preso desde 22 de novembro.
Ao sair do local, Flávio reafirmou que sua candidatura ao Palácio do Planalto "não tem preço", ao contrário do que havia dito no domingo (7), e que procurará líderes do centrão para costurar apoio a seu nome.
Flávio se reuniu na noite de segunda (8) com os presidentes do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil , Antonio Rueda. Estava acompanhado do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e do líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
O senador confirmou que pediu apoio a Ciro e a Rueda na reunião. Ele afirmou que os dirigentes partidários demonstraram preocupação de seu nome não "tracionar" nas pesquisas.
"Eles foram bem claros: vão conversar com as bases deles, fazer as análises, qual o impacto disso nos estados, onde eles têm maior interesse. A gente vai voltar a falar sempre de uma forma muito franca, mas com eles conscientes de que essa candidatura é para valer, não é balão de ensaio, não tem volta. E mais uma vez faço aqui o apelo público para que caminhem com a gente desde o início."
O congressista também disse ter telefonado para o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que pode lançar o governador do Paraná, Ratinho Jr., à Presidência.
"É um presidente de um partido importante, com quem eu sempre também tive um bom diálogo. Assim como os outros partidos, ninguém vai tomar decisão agora. Cabe a mim convencê-los de que o melhor projeto é vir com a gente desde o início. Se eles entenderem que não, tenho certeza que a gente vai estar junto em um segundo momento para impedir que o Brasil mergulhe nesse precipício", afirmou.
Em entrevista à Folha de S.Paulo na segunda (8), Flávio voltou atrás em relação à possibilidade de desistir e afirmou que sua candidatura é irreversível.
"O meu preço é o Bolsonaro livre e nas urnas, ou seja, não tem preço. Essa é a conclusão. É bom explicar porque fica parecendo que eu estou me colocando à venda, tem um valor financeiro que eu posso estar disposto a receber para desistir. Obviamente os fatos mostram que não é isso", afirmou Flávio nesta terça.
Questionado sobre recente alta do dólar e a queda da Bolsa que foram associadas ao anúncio da candidatura, o senador defendeu não "demonizar" o mercado e afirmou que irá procurar pessoas da área para "provar" que pode vencer as eleições.
"A culpa não é do mercado. O que o mercado quis sinalizar com isso? A preocupação de mais quatro anos de Lula. Entendo o mercado como aquele grupo de pessoas que empreendem aqui no Brasil, são eles que promovem a abertura de vagas de emprego, que fazem a roda da economia girar e tenho que respeitar e vou sentar para conversar com quem tiver disposto", disse.
O congressista também declarou que o pai "ficou feliz" com a "impressão do impacto" da decisão de lançar o filho ao pleito, "deu sugestões" de quem procurar e pediu para agradecer ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
"[Bolsonaro] Pediu para agradecer ao governador Tarcísio pela fala dele, que ele conseguiu acompanhar aqui da televisão. A gente vai estar mais junto do que nunca. É muito importante. Ele é forte em São Paulo. Isso que vai tracionar para gente fortalecer o nosso nome também em rede nacional", declarou.
O encontro desta terça foi o primeiro de Bolsonaro com seu filho mais velho desde o anúncio de sua pré-candidatura à Presidência -o ex-presidente está inelegível. O parlamentar chegou ao local por volta de 8h50 e foi embora às 10h.
A visita foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. As visitas a Bolsonaro, condenado no processo da trama golpista, devem ser feitas às terças e às quintas-feiras, entre 9h e 11h.
Um dos temas que também foram discutidos, segundo Flávio, foi o projeto de lei que concede anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 e que pode beneficiar Bolsonaro.
"Isso é uma coisa que deixa ele bastante angustiado, porque o próprio presidente Bolsonaro ouviu do [presidente da Câmara] Hugo Motta, e do [presidente do Senado] Davi Alcolumbre, o compromisso de pautar anistia. E ele está dizendo que quer acreditar na palavra dos dois até o último momento, porque isso tem que ser apreciado esse ano ainda."
O senador cobrou que o texto seja pautado para votação e afirmou que "quem tá interditando esse debate" é o relator, Paulinho da Força (Solidadariedade-SP).
"Não pode ser a palavra final dele [do relator]. A palavra final tem que ser do plenário. Não pode o Paulinho da Força falar: 'Não terá Bolsonaro nas urnas em 2026'. Essa palavra cabe ao plenário do Congresso Nacional. Eu não estou preocupado com que o Supremo vai fazer depois. Esse é um outro passo. A competência para tratar de anistia é do Congresso Nacional", completou.
Flávio afirmou ainda que avisou ao pai que a defesa do ex-presidente irá protocolar ainda nesta terça um pedido de prisão domiciliar humanitária junto ao Supremo. Relatou que o ex-presidente, de 70 anos, estava "bem mais disposto" e sem crises de soluço.
Questionado sobre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que também visitou o ex-presidente nesta terça na PF, Flávio afirmou que tanto ele quanto o pai reconhecem a importância dela e que conta com a ex-primeira-dama.
"A Michelle sabe da importância dela. Eu conto muito com ela junto ao público feminino, junto ao público evangélico, onde ela conseguiu conquistar toda essa credibilidade pelo mérito dela. Não adianta querer dividir a gente que não tem jeito, a gente vai estar junto", afirmou.