BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Deputados do centrão somaram mais de metade dos votos para aprovar o projeto de lei que reduz a pena por tentativa de golpe e beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros condenados na trama golpista e pelos ataques do 8 de Janeiro.
A proposta, chamada de PL da Dosimetria, foi aprovada na madugada desta quarta-feira (10) na Câmara, com apoio significativo também de partidos que tem ministérios no governo Lula (PT): 122 votos, 42% do total.
O texto principal teve 291 votos a favor, dos quais 167 (ou 57%) vieram de União Brasil, Republicanos, PP, PSD e MDB, as siglas que compõe o bloco apelidado como centrão.
Destes, os dois últimos tem três ministérios na Esplanada: respectivamente, Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e André de Paula (Pesca), e Jader Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).
Ambos votaram majoritariamente a favor da proposta, somando 49 votos.
Também apoiaram em peso o texto o PP do ministro André Fufuca (Esporte) e o Republicanos, partido do ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), mas também do presidente da Câmara, Hugo Motta (PB) e do governador de São Paulo e ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas.
Essas duas siglas somam outros 71 votos a favor da redução de pena aos golpistas.
PSB e PDT, que também tem ministérios na Esplanada, entregaram um voto cada para redução da pena de golpe -as duas siglas, porém, votaram majoritariamente contra a proposta.
União Brasil e PP recentemente romperam com Lula, embora mantenham cargos no governo. O primeiro expulsou Celso Sabino, que permaneceu na pasta do Turismo, enquanto o segundo mantém Fufuca no Esporte, enquanto articula pela oposição.
PT, PSOL e PC do B foram inteiramente contra o texto.
O PSB, partido do vice-presidente e ministro da Indústria Geraldo Alckmin, orientou contra o projeto da dosimetria. Mesmo assim, o deputado Jonas Donizette (SP), futuro líder da sigla, votou a favor da proposta.
O mesmo aconteceu com Flávia Moraes (PDT-GO), única de seu partido a referendar a proposta.
Já o PL, partido do ex-presidente, votou quase integralmente a favor de reduzir a pena dos golpistas, não fosse por um voto: do ex-ministro da Cidadania e também do Desenvolvimento Social de Bolsonaro, Osmar Terra (RS).
No União Brasil do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), quatro parlamentares contrariaram a orientação a favor da proposta.
Dentre eles, o ex-chefe do partido, Luciano Bivar (PE), que hoje é rachado com o atual mandatário da sigla, Antônio Rueda.
Também foi contra a proposta a ex-ministra do Turismo de Lula, Daniela do Waguinho (RJ), casada com o prefeito de Belfort Roxo, Waguinho.
Votos de partidos com ministérios a favor do PL da Dosimetria
MDB, 25
PDT, 1
PSB, 1
PSD, 24
Republicanos, 32
PP, 39