BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Secretaria-Geral, Guilherme Boulos, chamou o projeto que reduz as penas de envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de "anisitia envergonhada" e disse que foi um erro grave do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) pautar a votação do tema.
"Acho que ter pautado o projeto da dosimetria, que é uma anistia envergonhada, que não é a pauta do Brasil, ter pautado e trabalhado pela aprovação é um erro grave", disse Boulos a jornalistas.
O projeto, que substituiu a anistia ampla e prevê apenas a redução de penas para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os demais presos por participação nos ataques às sedes dos Poderes, foi aprovado pela Câmara na madrugada de quarta-feira (10).
"Acho que é é um erro grave. Coloca a Câmara dos Deputados de costas para o povo brasileiro e o presidente Lula (PT) tem sido muito claro e firme em relação a esse posicionamento", disse.
Questionado sobre o pedido para que Motta fosse afastado do cargo, feito pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, o ministro desviou e afirmou que agora responde pelo governo, não mais pelo Congresso Nacional.
Em sua fala, Boulos também citou os tratamentos diferentes dados pela Casa, em sua visão, a manifestações parlamentares.
Ao comentar a retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) do plenário nesta semana, com agressões a outros deputados e jornalistas, Boulos lembrou que parlamentares bolsonaristas fizeram movimento semelhante ao ocuparem o espaço em agosto deste ano e foram tratados "a pão de ló".
"Nós tivemos uma cena lamentável no plenário da Câmara dos Deputados que foram jornalistas sendo agredidos, parlamentares sendo agredidos, sendo que há pouco tempo deputados bolsonaristas ficaram naquela mesa por dois dias e foram tratados a pão de ló, não houve nada", afirmou.
"Se eu tivesse lá vocês saberiam minha posição com firmeza. Mas eu acho que é inaceitável a maneira como tem sido conduzidas essas questões, seja no dois pesos, duas medidas com Glauber e os bolsonaristas, seja em passar madrugada votando dosimetria, anistia envergonhada, sem colocar em pauta as grandes questões do povo brasileiro", declarou.
Ainda, Boulos disse que não participará dos atos contra o projeto da dosimetria, previstos para ocorrer a partir deste sábado (13).