BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) defendeu nesta quarta-feira (17) maior diálogo com o Congresso Nacional e disse "não ter nada contra ninguém" ao citar os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

"Eu não tenho nada contra ninguém. Sou amigo do Hugo Motta, do [Arthur] Lira, do [Rodrigo] Pacheco, do Alcolumbre. Sou grato pelo que fizeram nesses três anos comigo e, na hora que surgir uma divergência, é importante lembrar que a gente precisa conversar mais, aparar as arestas. Estou disposto a fazer isso porque nós somos gratos por tudo que foi aprovado até agora", afirmou.

"Eu não conheço na história um governo que conseguiu, num Congresso adverso como nós pegamos, aprovar metade do que aprovamos. É a vitória do bilateralismo, da negociação, da paciência, da conversa. É assim que a gente vai conseguir", completou o petista.

As falas foram feitas durante reunião ministerial realizada nesta quarta, na Granja do Torto, a casa de campo oficial da Presidência. Neste encontro periódico, que costuma ocorrer ao menos duas vezes por ano, o presidente reúne seus ministros para fazer um balanço das entregas do governo no ano e fazer cobranças para o ano seguinte.

Lula já havia minimizado os recentes atritos com Congresso e atribuiu à articulação política de seu governo a falta de aprovação de alguns projetos da gestão no Legislativo.

"Eu queria dizer para vocês que eu sou muito grato a tudo que o Congresso tem feito por nós nesses três anos de governo, tanto o Senado como a Câmara", declarou. "Aquilo que não foi aprovado, possivelmente porque [foi porque] a gente não teve capacidade de convencê-los a aprovar."

Nos últimos meses, a relação de Lula com o Congresso sofreu reveses. A escolha de Lula por Jorge Messias para a vaga do STF (Supremo Tribunal Federal) contrariou o presidente do Senado, que defendia o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), um de seus principais aliados.

Agora, o nome de Messias precisa ser aprovado pelos senadores, em um cenário de forte resistência de Alcolumbre.

Em paralelo, o presidente do Senado se irritou com uma fala do presidente de que o Congresso teria sequestrado o Orçamento por meio das emendas parlamentares, e reclamou com integrantes do Palácio do Planalto.

No início do mês, após uma troca de críticas em falas públicas entre o petista e o presidente do Senado, Alcolumbre mudou o tom, com um recado de agradecimento a Lula por meio do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante evento no Amapá.

"Padilha, muito obrigado. Leve meus agradecimentos, pessoal e institucional, ao presidente da República, que tem nos apoiado e apoiado o Amapá a todo instante", afirmou ele.