BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (18) que irá vetar o projeto que reduz penas a envolvidos no 8 de Janeiro e na trama golpista, o que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele também negou haver qualquer acordo entre governo e Congresso sobre o tema.

"Ao chegar na minha mesa, eu vetarei", declarou. "Se houve acordo com o governo eu não fui informado. Se o presidente não foi informado, não houve acordo. E tenho dito que as pessoas que cometeram o crime terão que pagar pelos atos cometidos contra esse país. Nem terminou o julgamento ainda", disse.

O Senado aprovou nesta quarta-feira (17) o chamado PL da Dosimetria, uma vitória do grupo político bolsonarista. O placar foi de 48 votos a favor do projeto e 25 contra. Como a Câmara já aprovou a proposta, ela segue para sanção presidencial.

Se entrar em vigor, o projeto poderá, em tese, reduzir o tempo que Bolsonaro passará no regime fechado de cumprimento de pena dos atuais 6 a 8 anos para algo entre 2 anos e 4 meses e 4 anos e 2 meses, dependendo da interpretação. Também influenciará na redução das penas o tempo que Bolsonaro dedicar a trabalho ou estudo, atividades que podem ser usadas para diminuir o período na prisão. A condenação total foi de 27 anos e 3 meses.

Após a votação, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou ter feito um acordo para permitir que a deliberação ocorresse nesta quarta. O senador disse que fez esse acerto sem consultar a cúpula da gestão Lula.

"Eu não fiz nenhum acordo de mérito. Continuo contra e acho um absurdo o projeto. A única diferença é que se poderia empurrar para a barriga para fevereiro ou votar hoje. Se o presidente vai vetar, agora ou fevereiro dá no mesmo", disse o líder do governo. "Acho melhor um final trágico que uma tragédia sem fim", declarou.

Lula recebeu jornalistas nesta quinta no Palácio do Planalto para uma entrevista coletiva.

Ainda nesta quinta, Lula deve participar de cerimônia de apresentação dos oficiais-generais promovidos no Clube do Exército, como um de seus compromissos oficiais antes do recesso de final de ano.

O encontro com a imprensa ocorreu um dia após a reunião ministerial, a terceira e última do ano.

Nela, o presidente fez cobranças para que seus ministros assumam posições definidas quando se afastarem para disputar cargos no ano que vem, abordou questões internacionais como a crise na Venezuela e criticou a comunicação de seu governo.