O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (18) que a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, pediu mais alguns dias de prazo para tentar vencer resistências internas contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
Negociado há mais de 25 anos, o tratado comercial do bloco europeu com o grupo formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai tinha previsão de ser assinado durante a Cúpula de Líderes do Mercosul, marcada para o próximo sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), mas tem sido contestado especialmente pela França, que teme perder competitividade na agricultura e, agora, pelo italianos.
"Na conversa com a primeira-ministra Meloni, ela ponderou para mim que ela não é contra o acordo. Ela apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores italianos, mas que ela tem certeza que ela é capaz de convencê-los a aceitar o acordo. E, então, ela pediu para mim que se a gente tiver paciência de uma semana, de 10 dias, de máximo um mês, a Itália estará junto com o acordo", afirmou o presidente, em entrevista à imprensa.
Segundo ele, o pedido será levado para debate entre os presidentes do Mercosul.
"O acordo é mais favorável à União Europeia do que a nós. E nós dissemos para eles que esse acordo era extremamente importante do ponto de vista político. Porque é um acordo que envolve 722 milhões de seres humanos, 22 trilhões de dólares e é um acordo que vai dar uma resposta de sobrevivência, de sobrevida, do multilateralismo àqueles que querem construir o unilateralismo", destacou Lula.
O presidente recebeu jornalistas para um café da manhã, no Palácio do Planalto, seguido de coletiva de imprensa. Ele foi acompanhado dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Casa Civil, Rui Costa; das Relações Exteriores, Mauro Vieira; e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Neste semestre, o Brasil está na presidência do Mercosul e Lula colocou como prioridade a finalização do acordo com os europeus, mas o texto ainda não foi aprovado no Parlamento Europeu, condição para que seja assinado durante o encontro em Foz do Iguaçu neste fim de semana. Ontem, em reunião ministerial, Lula chegou a afirmar que esta é a última chance para que o acordo seja firmado, posição que vem sendo reforçada pelo chanceler Mauro Vieira.
Durante a coletiva de imprensa, Lula observou que o envolvimento dos líderes dos países europeus é essencial para que o acordo siga adiante e revelou ter apelado até a primeira-dama da França, Brigitte Macron, para "amolecer o coração" do presidente francês, Emmanuel Macron. O presidente brasileiro voltou a destacar que as salvaguardas previstas garantem a proteção do mercado agrícola europeu.
"Então, o que eu acho é que quando nós, dirigentes queremos fazer, a gente tem que fazer", disse. "Se não vai ser possível assinar agora, porque não vai estar pronto, eu também não posso fazer nada. Vamos aguardar amanhã. A esperança é a última que morre", finalizou.
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