SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A PF (Polícia Federal) deflagrou nesta sexta-feira (19) uma operação que atingiu os deputados federais Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcante, ambos do PL do Rio de Janeiro. A instituição encontrou R$ 430 mil em espécie apreendido em um endereço ligado a Sóstenes, que nega acusações de corrupção, assim como Jordy.
Para a PGR (Procuradoria-Geral da República), entretanto, há indícios de desvio de recurso público, que teria ocorrido com a ajuda de assessores dos parlamentares.
O desvio envolveria o uso de cotas parlamentares, valor entregue a deputados para custear despesas com o exercício do mandato.
Entenda o que são as cotas, como o desvio teria ocorrido e o que dizem os investigados.
QUEM FOI O ALVO DA OPERAÇÃO?
Nesta sexta-feira, a Polícia Federal deflagrou uma operação para apurar o desvio de cotas parlamentares. Os deputados do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcante foram alvos de mandados de busca e apreensão.
Foram autorizados sete mandados cumpridos no Rio de Janeiro e no Distrito Federal, em uma operação batizada de Galho Fraco. Entre os investigados também estão Itamar de Souza Santana e Adailton Oliveira dos Santos, assessores de Jordy e da liderança do PL (comandada por Sóstenes).
A PF também divulgou um vídeo com a apreensão de R$ 430 mil em espécie apreendido em um endereço ligado a Sóstenes. Ele e Jordy são aliados de Bolsonaro.
QUEM AUTORIZOU OS MANDADOS?
Os mandados foram autorizados pelo ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele também determinou a quebra dos sigilos bancários dos deputados, de maio de 2018 a dezembro de 2024.
Segundo o ministro, relatórios financeiros e conversas extraídas de celulares dos investigados revelam "indícios robustos" de possível prática de lavagem de dinheiro por meio do fracionamento de saques e depósitos de até R$ 9.999, além de "elevadas movimentações financeiras, de vários investigados, possivelmente ligados aos deputados federais citados, sem identificação da origem dos recursos".
O QUE A PF INVESTIGA?
O objetivo da operação é aprofundar as investigações sobre desvios de recursos públicos de cotas parlamentares, segundo a corporação.
"De acordo com as investigações, agentes políticos, servidores comissionados e particulares teriam atuado de forma coordenada para o desvio e posterior ocultação de verba pública", disse a PF.
A operação é um desdobramento de outra realizada em dezembro de 2024 e investiga os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O QUE É COTA PARLAMENTAR?
A cota parlamentar é um valor mensal que o deputado recebe para custear despesas do exercício do mandato, como aluguel de escritório no estado, passagens aéreas e aluguel de carro.
A suspeita da polícia é que uma empresa de locação de carros contratada por Jordy e Sóstenes Cavalcante continuou recebendo dinheiro mesmo depois de dissolvida.
A instituição cita transferências entre uma suposta empresa de fachada de locação de carros e um assessor de Jordy, "demonstrando um possível caminho do dinheiro".
"Conquanto dissolvida irregularmente, a referida sociedade empresária continua a receber pagamentos feitos pelos parlamentares deputado federal Carlos Jordy e deputado federal Sóstenes Cavalcante, os quais são reembolsados como despesas pagas com cota parlamentar, relativa a locação ou fretamento de veículos automotores", afirmou a PF.
O QUE DIZ A PGR?
Para a PGR (Procuradoria-Geral da República), Sóstenes e Jordy desviaram recursos da cota parlamentar por intermédio de assessores, que ajudariam a dar aparência de legalidade ao esquema em que haveria o reembolso das cotas.
"Os diálogos localizados pela autoridade policial indicam conluio entre Itamar de Souza Santana e Adailton Oliveira dos Santos, assessores dos deputados Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcante, respectivamente", afirmou o órgão.
O QUE DIZEM OS DEPUTADOS INVESTIGADOS?
Sóstenes afirmou à imprensa que sofre perseguição por ser de direita e que o dinheiro vivo encontrado em seu endereço se deve à venda de um imóvel.
Ele disse que o comprador quis lhe pagar em dinheiro e que não havia conseguido fazer o depósito do valor.
"Acabei não fazendo depósito, mas faria. Inclusive, parte dele, eu tenho pensado em fazer outros negócios e tudo, acabei não fazendo o depósito", afirmou.
Já Jordy chamou de "tosca" a alegação da PF envolvendo corrupção com a empresa de locação de carros. Em um vídeo nas redes sociais, ele também chamou a operação de "covarde".